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A GRAÇA DE DEUS
Nas Sagradas Escrituras a palavra graça é usada em diversos sentidos, quais sejam: reconhecimento, benevolência, favor, perdão, simpatia, etc. Vamos fazer uma incursão nessas Escrituras a fim de compreendermos que significa a graça de Deus.

O dicionário brasileiro “Globo” define esse substantivo como: Favor que se concede ou se recebe: benevolência; perdão; atrativo; elegância no dizer ou escrever; dito espirituoso; gracejo; auxílio divino; (familiar) nome de batismo; reconhecimento; agradecimento; render graças a Deus; interjeição: muito obrigado! Bem haja! Cair em graça; merecer a simpatia (de alguém); de graça (locução adverbial): gratuitamente. (Do latim gratia). Nesse mesmo dicionário, graça é sinônimo de favor e mercê. E esta benefício; benignidade; indulto. E como significado de favor: benefício; proteção; interesse; demonstração de benevolência, amizade ou simpatia; obséquio; fineza; liberalidade; carta, missiva; abono; crédito.

Diz a Escritura que Noé achou graça diante de Deus, quando Deus resolveu dar cabo do mundo antigo, usando um dilúvio. Mas por que somente Noé e a sua família acharam mercê diante de Deus? Porque Deus não é injusto para com aqueles que lhe temem. Ele mesmo deu testemunho de Noé, dizendo que o tinha achado justo no meio daquela geração corrompida. E qual era a justiça de Noé?

Ainda que naquela época não existissem as leis escritas para o povo de Deus, como hoje existe, aquela geração sabia dos seus deveres para com Deus, e que lhes vinha por inspiração àqueles que recebiam as instruções de Deus, como Noé. Por isso diz a Escritura que Noé era “pregoeiro da justiça”. Observemos que ela fala “da justiça” e não de justiça, como sendo esta regra de direito. Assim, Noé pregava àquela geração as leis de Deus, as quais Ele já havia concedido ao seu povo. Entre elas a que é o memorial da criação. Também porque os filhos de Deus, o seu povo, se uniram em matrimônio ao povo que não era dEle, a quem Deus nomeou de “filhas dos homens”. Gn. 6:1 e 2.

Disse o apóstolo Paulo que pela graça somos salvos, e que isso não vem de nós mesmos, é dom de Deus. Ef. 2:8. Que graça seria essa?
O mesmo apóstolo na sua epístola aos Romanos, diz: Sendo pois justificados pela fé, temos paz com Deus, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus. Rm. 5:1 e 2.

E continua: Mas não é assim o dom gratuito como a ofensa. Porque, se pela ofensa de um morreram muitos, muito mais a “graça de Deus” e o dom pela graça, que é dum só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos. E não foi assim o dom como a ofensa, por um só que pecou. Porque o juízo veio de uma só ofensa, na verdade, para condenação, mas o dom gratuito veio de muitas ofensas para justificação. Porque, se pela ofensa de um só a morte reinou por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão por um só, Jesus Cristo. Pois assim como por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida. Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um, muitos serão feitos justos. Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça; para que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo nosso Senhor. Rm. 5:15-21.

Essa graça da qual discorre o apóstolo é concessão, ou seja, favor imerecido de Deus. Pois diz-nos o apóstolo: não é assim o dom gratuito como a ofensa. Versículo 15, p.parte. Essa expressão “dom gratuito” é elucidativa. Mas é necessário observarmos que o dom é o favor para termos acesso a graça pela fé. Ou seja, a morte de Jesus nos permitiu acesso a graça salvadora do evangelho eterno. Pois outrora só o povo de Israel nominal era o povo escolhido. E a ele havia sido confiado os ritos e os cultos, e de cuja nação (a tribo de Levi) procediam os sacerdotes através dos quais se tinha acesso a Deus.

O apóstolo fala ainda mais: muito mais os que recebem a abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só – Jesus Cristo. Versículo 17.

E o missivista aos Hebreus, escreveu: Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro, e recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificaram o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério. Hb. 6:4-6.

Quando se fala em dom, pode-se ser levado a pensar num daqueles que o Espírito Santo concede a Igreja, para edificação do corpo de Cristo. Mas esse dom celestial do qual fala o missivista aos Hebreus, é o mesmo do qual fala o missivista aos Romanos. (Rm. 5:15).

Outrossim, diz ainda o apóstolo: assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida. Rm. 5:19. E esse ato de justiça do qual fala o apóstolo, não  é outro senão a morte de Jesus, e do qual o profeta Isaías falou pelo Espírito Santo, quando disse: O trabalho da sua alma ele verá, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniqüidade deles levará sobre si. Pelo que lhes darei a parte de muitos, e com os poderosos repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma na morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e pelos transgressores intercede. Is. 53:11 e 12.

E também diz: assim pela obediência de um, muitos serão feitos justos. Rm. 5:19, ú.parte.

Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça. Versículo 20. Ora onde não há lei não existe transgressão. Rm. 4:15. Assim, se não houvesse sido dado a lei, nós não seríamos transgressores quando cometêssemos algum dos delitos previstos na lei. E o apóstolo arremata: Para que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo nosso Senhor. Versículo 21.

A graça reinasse pela justiça? Que é isso?

Já temos demonstrado que a justiça de Deus é os seus mandamentos, conforme Sl. 119:172 e Is. 48:18. Então vamos substituir o significado pela significação: também o favor reinasse pelos mandamentos para a vida eterna.

Por isso diz o apóstolo Paulo: Mas agora se manifestou sem a lei a justiça de Deus, tendo o testemunho da Lei e dos profetas; isto é a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que crêem. Rm. 3:21.

Acaso o apóstolo está falando de uma mesma lei? Em nenhuma hipótese podemos, em sã consciência, conceber que sim. E por que?

Porque o mesmo apóstolo enfatiza: Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; para demonstração da sua justiça neste tempo presente. Onde está logo a jactância? É excluída. Por qual lei? Das obras? Não; mas pela lei da fé. Concluímos pois que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei. É porventura Deus somente dos judeus? E não o é dos gentios? Também dos gentios, certamente. Se Deus é um só, que justifica pela fé a circuncisão, e por meio da fé a incircuncisão. Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a lei. Rm. 3:23-31.

Há quem possa pensar que a lei da fé de que fala o apóstolo seja o crer na existência de Jesus ou de Deus. Mas observemos que o apóstolo fala de uma lei que não deve ser anulada por fé, antes, porém, deve ser estabelecida.

Assim, o homem, ao reconhecer-se pecador e carecente de perdão para obter a salvação da sua alma, aceita a condição imposta por Deus: aceitar a Jesus como único e suficiente salvador. Ele é justificado dos seus pecados passados, e passa a uma nova condição de vida.

Também deve aceitar a Lei de Deus, de Cristo, ou os Seus Mandamentos, que são a justiça de Deus, para que permaneça na condição de justo. I Jo. 3:7. Nessa condição ele é recriado em justiça e santidade procedentes da verdade. Fica livre da lei de obras a qual o povo de Israel nominal estava sujeito antes da morte de Jesus, e vai sendo formado tal qual o padrão do justo: Jesus. E cresce para chegar a estatura de varão perfeito, ao pleno conhecimento do Filho de Deus, que se traduz na obediência aos Seus Mandamentos. Ef. 4:13; I Jo. 2:3.
Enviado por oliprest em 09/07/2007




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