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Pedra que rola
Há um provérbio no mundo que diz que “Pedra que rola não cria limo”. Em que sentido isso é aplicado? Vejamos?

Esse provérbio é simples, mas de relativa profundidade. Pois, quem o compôs, deveria ter em mente que, assim como a pedra que rola não pode criar limo, já que, pela ação do rolar, o limo não consegue se fixar nele, assim também quem não para, ou seja, não é gregário, não enferruja ou não fica com aparência de velho, porque, no rolar, vai sendo polido. E, também, vai adquirindo conhecimento, podendo se tornar polido pela vivência com outros “vividos”.

Tenho observado que quem sempre viveu em determinado lugar fica “naquela mesmice”, não expandindo a sua visão e ficando tal e qual as pessoas do seu meio. Só fala das coisas que lhe cercam e também daqueles que o circundam.

E, desse modo, são as pessoas que nunca mudaram de bairro, nem de cidade ou país; também que não mudaram de emprego ou sempre exerceram a mesma profissão.

É bem verdade que mudança nem sempre trás melhoria. Às vezes, mudanças podem trazer decepção, saudades do que ficou, devido parecer melhor do que o presente. Mas, é necessário se adaptar ao novo, que, inicialmente, pode requerer adaptações ou mudança de hábitos e ou comportamentos.

Quem muda do norte do Brasil para o sudeste ou o sul tem que se adaptar a muita coisa que é diferente, como os dias e horário de coleta de lixo, horário de condução; de abertura das repartições, supermercados, etc. Até ao modo de nomear certas coisas. Por exemplo, no norte, picadinho é carne moída, enquanto que no sul, não. Lá, é carne cortada em pedaços pequenos. E embora alguns possam resistir à mudança, não poderão fazê-lo por muito tempo, pois verão que não lhes favorece em nada achar que o linguajar usado na “sua terra” é melhor.

O mosquito que suga sangue é nomeado de carapanã nos estados da região norte, mosquito no sudeste, praga no nordeste e pernilongo em outros locais. E todos acham que o nome dado na sua cidade para o inseto o define muito bem.

Até algumas palavras são desconhecidas de alguns, seja por falta de leitura, seja por ignorância mesmo. Duas palavras que eu pronunciei e que foi ouvida por um propínquo meu, o qual havia imigrado para o sudeste, foi motivo de reprovação. Foram elas: arreda (afasta) e suarento (suado). A pessoa alegou que essas palavras não existiam no dicionário e que eu estava falando um neologismo. Ou seja, estava criando uma nova palavra.

Lá, no sudeste, há familiar meu que, por ter nascido ali, fala com erro, para não parecer diferente. É o caso de dizerem: “você quer que eu vou”? Quando o correto seria dizer você quer que eu vá? E, isso, mesmo por pessoas com formação superior. Assim, se você ouvir essa expressão, não queira corrigir, pois não irá muda-los.

E quanto mais rolamos pra lá e pra cá, mais vamos vendo coisas que parecerão novas aos nossos olhos e que poderão também nos fazer “novos” ou atuais, mesmo que sejamos velhos e tidos por quadrados.

Oriximiná-PA, 19/03/2016
Oli Prestes
Missionário
Enviado por oliprest em 21/03/2016




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Imagem de cabeçalho: raneko/flickr