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SIMPLES GESTO
Diz um provérbio Chinês que um gesto vale mais que mil palavras. E não há dúvidas que muitas vezes um simples gesto pode comprometer até a liberdade e a vida de uma pessoa. Num passado recente os negociadores de valores nas bolsas de valores operavam fazendo gestos para fazerem as ofertas de preço para as ações que estivessem sendo negociadas. E os gestos ali praticados eram aceitos como uma vontade ou determinação e aceitos como confirmação da realização da operação. E assim se faz em outras formas de leilões, seja num rodeio de gado, seja em leilões de bens móveis e imóveis.

Conta-se que ao tempo de Nero, imperador Romano, o seu gesto com o polegar levantado era sinal de clemência para com um gladiador derrotado, enquanto que o polegar voltado para baixo significava que o perdedor deveria ser executado. Como vimos, um gesto de aparente insignificância pode determinar a vida de alguém. Mas, e nenhum gesto, teria função relevante? Será que o fato de alguém não se manifestar nem contra nem a favor pode ser entendido como aquiescência a um ato, a uma ideia, uma proposição ou um projeto?

Existe um provérbio popular que diz que “quem cala consente”. E isso tem base bíblica e divina, veja:

As Sagradas Escrituras dizem algumas coisas sobre o calar, como aprovação de algo que alguém propôs. É o caso de uma mulher que tivesse feito um voto, sendo ela solteira, e estando sob a tutela de seu pai. Caso ela lhe desse ciência do voto e ele se calasse para com ela, isso valeria como aceitação ou homologação do voto. Caso contrário, não. Outrossim, se uma mulher, tendo feito um voto, desse ciência ao marido e ele se calasse para com ela, o voto estaria de pé. Caso contrário, não. Nm. 30:3-8.

Mas o silêncio pode trazer também comprometimento para o que ouviu, se este não der ciência daquilo que ouviu, dependendo da situação.

Por exemplo. Se houvesse alguma blasfêmia no meio do povo de Deus, e alguém o soubesse e não denunciasse, essa pessoa se tornava cúmplice e co-participante da blasfêmia, vindo por isso a ser extirpado do meio do povo de Deus.  Lv. 5:1.

Também no âmbito jurídico o silêncio pode ser tomado como conivência (consentimento, concordância, tolerância), para com algo. Haja vista que ainda hoje algumas leis propostas para serem votadas pelo congresso, termina por serem validadas por não ter sido votadas no prazo legal para isso.

Em muitas ocasiões um simples gesto pode determinar o compromisso para com pagamentos, dívidas, etc. Hoje, com os meios eletrônicos de relações comerciais, muitos negócios são feitos, fechados, confirmados e validados com um simples gesto. É o caso das aquisições feitas via Internet. O simples clique de uma tecla ou do mouse sobre determinado campo, determina uma transação, ou contrato ou negócio de grande significado ou não. Hoje um simples clique sobre uma tecla ou com o mouse sobre determinado campo, pode nos fazer assumir compromissos significativos, até com resultados espirituais negativos, já que nos pode vincular a negócios espúrios ou escusos. É o caso dos programas de computador que são instalados neles. Se comprarmos um computador com um programa pirata, somos, de alguma forma, violadores da lei, já que ela veda esse tipo de transação. Também se adquirirmos programas que já tenham sido copiados de outros. Isso é transgressão de uma lei de patentes e propriedades, que protege os autores ou proprietários desses programas.

Mas com relação ao caso de conivência pelo fato de alguém saber algo, é necessário que saibamos o limite de cada caso.

Por exemplo. Se por um lado quem cala consente, por outro, quem fala tudo que sabe pode estar agindo como mexeriqueiro, o que Deus  condena nas Escrituras Sagradas. Pois elas dizem: "Não andarás como mexeriqueiro no meio do teu povo." Lv. 19:16. Ou ainda: "Quem anda mexericando, revela segredos." "Porquanto, não te metas com quem muito abre os seus lábios." Pv. 11:13 e 20:19.

No estatuto do funcionário público e também na CLT, há artigos que tratam do caso de omissão e conivência, e determina pena para aquele que souber de fatos que possam causar prejuízos ao patrimônio público e privado.  Há pena que resulta até na demissão por justa causa, no caso da Consolidação das Leis do Trabalho, e relativo a esfera privada, como perda da função e exoneração no caso do serviço público.

Mas, todo aquele que quiser viver piamente padecerá perseguições. Assim, o que vemos é que aqueles que têm denunciado as corrupções que acontecem em ambos os meios, seja público ou privado e militar, tem ou está sujeito as represálias dos meliantes, razão porque muitas vezes preferem calar, vindo a serem coniventes com os erros e crimes que viram ou souberam.

Mardoqueu foi perseguido no reinado de Assuero. Mas teve grande honra por ter denunciado dois guardas do rei que intentavam matá-lo. E o perseguidor de Mardoqueu teve que vesti-lo da roupa do rei, por sugestão do próprio perseguidor, que ainda teve que levá-lo montado à cavalo por toda a cidade, proclamando diante de Mardoqueu, e fazendo que o povo o reverenciasse como ao rei.

Dizem as Escrituras que o ímpio faz gestos com as mãos e com os olhos. Que gestos são esses?

Todos conhecem gestos obscenos que os homens praticam com as mãos, mas, como podem os olhos fazerem gestos pecaminosos condenados por Deus? O simples piscar de olhos pode ter grande significado. Um piscar de olhos de um homem para uma senhora, é interpretado por esta como assédio, atrevimento, falta de respeito. Também o levantar de sobrancelhas com os olhos dirigidos para alguém pode traduzir-se numa atitude desonrosa, ou desrespeitosa ou maldosa.

Portanto, "como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver." I Pe. 1:15.

Oli Prestes
Missionário
oliprest
Enviado por oliprest em 25/08/2007
Alterado em 05/07/2022


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Imagem de cabeçalho: raneko/flickr