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LEI, QUE LEI?

Muito se tem falado e teimado sobre lei no meio evangélico. Quando se fala em lei, não poucos referem-se a ela como de Moisés, ainda que estejam falando daquela registrada em Êxodo 20, onde consta a Lei de Deus.
Mas vamos mostrar que as Escrituras falam de várias leis, e se faz necessário que se saiba discernir entre uma e outra.

Segundo os mais renomados dicionaristas bíblicos, o livro de Jó é o livro mais antigo da Bíblia, antes mesmo do livro de Gênesis e Êxodo. Nada obstante, lá faz referência a lei da boca de Deus. Lá diz: ”Aceita, peço-te, a lei da Sua boca”. Jó 22:22.

Do mesmo modo, bem antes das leis terem sido dadas a Moisés no Sinai, elas foram mencionadas por Deus. “Que a Lei do Senhor esteja em tua boca”. Êx. 13:9. E também reivindicada por Deus a sua guarda: “ “Até quando recusareis a guardar os meus mandamentos e as minhas leis”? Êx. 16:28.

Outrossim, falando Deus para Isaque e dando testemunho de Abraão, disse: Porquanto Abraão obedeceu à minha voz, e guardou o meu mandamento, os meus preceitos, os meus estatutos, e as minhas leis. Gn. 26:5. E isso muito tempo antes de os mandamentos e as leis terem sido ratificadas no Sinai.

No salmo primeiro Davi fala de uma lei e diz: Bem aventurado o varão que não anda segundo o conselho dos ímpios, não se detêm no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na Sua lei medita de dia e de noite. Sl. 1:1-2. Que Senhor será esse? Moisés? Certamente que não, pois a lei dele é claramente distinguida no livro de Daniel, veja:

E não obedecemos à voz do Senhor, nosso Deus, para andarmos nas suas leis, que nos deu pela mão de seus servos, os profetas. Sim, todo o Israel transgrediu a tua lei, desviando-se para não obedecer à tua voz; por isso a maldição, o juramento que está escrito na lei de Moisés, servo de Deus, se derramou sobre nós; porque pecamos contra ele. Como está escrito na lei de Moisés, todo aquele mal nos sobreveio; apesar disso, não suplicamos à face do Senhor nosso Deus, para nos convertermos das nossas iniqüidades, e para nos aplicarmos à tua verdade. Dn. 9:10, 11 e 13.

No salmo 19:7, está: “A Lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma”. Se ela é perfeita, então ela não precisa ser aperfeiçoada.
E no salmo 119:142, diz: "A Tua lei é a verdade”. Sendo ela a verdade, logo ela não precisa ser mudada. Paulo, em sua epístola aos Romanos, fala da lei do seu entendimento, da lei do pecado e da morte e da lei do espírito de vida. Rm. 7:23 e 8:2. E na sua epístola aos Gálatas novamente o apóstolo fala de uma lei cujo entendimento só alcançamos quando vamos chegando ao final da epístola. Veja:
Estai pois firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão. Eis que eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará. Gl. 5:1 e 2. E:
E de novo protesto a todo o homem, que se deixa circuncidar, que está obrigado a guardar toda a lei. Versículo três.

Será essa lei a dos dez mandamentos, ou a lei da ordenanças? Ora, se o apóstolo refere-se à lei da circuncisão, logo aquela epístola trata da lei de ordenanças, que era transitória. Como prova disso temos a seguinte passagem: A lei é contra as promessas de Deus? De nenhuma sorte; porque, se dada fosse uma lei que pudesse vivificar, a justiça, na verdade, teria sido pela lei. Fl. 3:21. De que lei está tratando o apóstolo ali? Leiamos então essa passagem: Todos aqueles pois que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque escrito está: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las. Gl. 3:10. Como vimos, referem-se à lei de obras, gravada num livro, cuja citação aplica-se ao livro de Deuteronômio, particularmente ao verso 26 do capítulo 27. O livro mencionado na epístola aos Gálatas é o escrito por Moisés, cujas leis de ordenanças nele constante tinham um caráter transitório e não perene, já que era mandamento carnal, umas ordenanças da carne, até o tempo de reforma.

Em salmos diz que a lei de Deus foi feita em retidão e justiça, e numa das epístolas a Timóteo o apóstolo diz que a lei não foi feita para o justo. Que incoerência é essa, se é que há incoerência?

Em Hebreus o missivista diz: Que não foi feito segundo a lei do mandamento carnal, mas segundo a virtude da vida incorruptível. Hb. 7:16. Em Romanos o apóstolo diz que a lei é espiritual, e ele carnal. Rm. 7:14.
Nunca, em sã consciência, admitir-se-ia que ambas as passagens referem-se à mesma lei.

Diz mais o apóstolo: Quem jamais milita à sua própria custa? Quem planta uma vinha e não come do seu fruto? Ou quem apascenta o gado e não come do leite do gado? Digo eu isto segundo os homens? Ou não diz a lei também o mesmo? Porque na lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca ao boi que trilha o grão. Porventura tem Deus cuidado de bois? I Co. 9:7-9.

Realmente examinando a passagem a que refere-se a lei de Deus, não encontramos isso, mas, sim, em Dt. 25:4, onde trata das leis dadas por Moisés.

Paulo, em sua epístola aos Colossenses, fala novamente sobre ordenanças, veja:
Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz. Trata-se aqui de mandamentos de ordenanças (mandados de ordenanças). Por isso o apóstolo adverte: Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs subtilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo. Cl. 2:14 e 8. Portanto ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou de sábados. Cl. 2:16. A que refere-se o apóstolo? Refere-se ao fato de os novos conversos estarem sendo forçados pelos judeus a praticarem as comemorações festivas onde se incluíam oferendas, e nas quais separava-se, também, dois dias para descanso, chamados de vossos sábados pelo Senhor. Os. 2:11.


Há quem pretendendo fugir à lei de Deus, argumente que esta era somente para o povo de Israel, referindo-se ao Israel nominal, da palestina. Entretanto diz a Escritura: Mas tu és nosso Pai, ainda que Abraão nos não conhece, e Israel não nos reconhece; tu, ó Senhor, és nosso Pai; nosso Redentor desde a antigüidade é o teu nome. Is. 63:16.

Quem é que Israel não reconhece, porventura não são aqueles que eles consideram estrangeiros e que são chamados de cristãos?

Os devotos do judaísmo dizem ter o cristianismo falhado na sua pretensão de salvar o homem. Entretanto, eles estão equivocados quando chamam de cristãos aos evangélicos. É verdade que os evangélicos também pregam a Jesus como salvador. Mas eles são filhos das mulheres das quais fala Isaías: As mulheres (igrejas) que se agarram ao varão (Jesus) apenas para terem nome (cristãs), no entanto fazem seu próprio alimento (doutrina), e se vestem do que é delas (suas obras, sua própria justiça), mas rejeitam a justiça de Cristo: os Seus Mandamentos. Is. 4:1.

O que fora revelado a Nabucodonosor e interpretado por Daniel, relativo a estátua que fora despedaçada por uma pedra atirada sem mão, e cuja pedra encheu o mundo, se cumpre. O evangelho está sendo pregado, e os fiéis estão no mundo todo, e brevemente serão reunidos. Se existe falha, ela está nos que pretendem anunciar esse evangelho, não no evangelho em si. Ele é poderoso para salvar, convencendo o homem, através do Espírito Santo, da justiça, do juízo e do pecado. Ele corresponde à porta apertada e ao caminho estreito, e quem entrar por ele salvar-se-á.
Enviado por oliprest em 06/07/2007




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