MINHA MÃE E MEUS IRMÃOS
MINHA MÃE E MEUS IRMÃOS
Ouvi de alguém a afirmação que, depois de Deus, a família é a coisa mais sagrada. Mas o conhecimento das Escrituras me leva a contradizer isso. Vejamos:
Quando Deus chamou a Abraão, mandou que ele saísse da sua terra e do meio da sua parentela. Gn. 12:1.
Pelo que depreendemos, Abraão era homem de posses, mas sujeitou-se a viver em tendas, peregrinando nelas por terras estranhas, a qual prometeu Deus dar a sua descendência para sempre. Gn. 15:18.
Apesar das posses de Abraão, o qual chegou a possuir trezentos e dezoito servos nascidos em casa e descendentes de outros servos seu, não diz a Escrituras que ele tenha comprado aquelas terras onde habitou a fim de que os seus descendentes viessem a ser herdeiros. A única terra que diz ter Abraão comprado foi o local para sepultura de Sara, sua esposa, comprado dos filhos de Hete. Gn. 23.
E como a servir de protótipo da família santa, Jacó, neto de Abraão, teve que sair do seu lar e também peregrinar longe do local onde habitava com seu pai e sua mãe, servindo a parentes em troca de mulheres. E a razão pela qual teve que se ausentar do seu primeiro lar foi por ameaça de morte da parte de seu irmão gêmeo. Gn. 27:41-45.
E para que não se repetisse o que houvera na primeira família, na qual Caim matou a seu irmão Abel, melhor lhe fora se ausentar do lar e se privar do aconchego deste e do convívio com seus pais e irmão, e servos, abandonando uma vida gregária e confortável, e sujeitar-se a uma vida dura em terra estranha, suportando as intempéries e exposto as adversidades próprias do tempo e de quem vive sem pátria e como peregrino. Gn. 31:40. E ainda mais cuidando com diligência de bens que não eram seus, mas que, por nobreza de caráter e dever de ofício, cuidou sem deixar faltar nenhum animal do rebanho a si confiado, ou repondo o perdido por furto ou apanhado por fera. Gn. 31:39.
Por conseguinte, quando Deus, cumprindo o que prometera a Abraão, relativo a sua descendência, retirou o seu povo do Egito e levou-o para a terra onde Abraão havia peregrinado, para ali assentá-lo, escolheu e mandou separar a tribo de Levi, uma das doze tribos de Jacó ou Israel, a fim de servi-lo. Já desde a sua infância o varão era separado da família para viver separado, veja:
“E de Levi disse: Teu Tumim e teu Urim são para o teu amado, que tu provaste em Massá, com quem contendeste junto às águas de Meribá. Aquele que disse a seu pai, e à sua mãe: Nunca os vi; e não conheceu a seus irmãos, e não estimou a seus filhos; pois guardaram a tua palavra e observaram a tua aliança. Ensinaram os teus juízos a Jacó, e a tua lei a Israel; puseram incenso no teu nariz, e o holocausto sobre o teu altar.” Dt. 33:8-10.
No mesmo tempo o Senhor separou a tribo de Levi, para levar a arca da aliança do Senhor, para estar diante do Senhor, para o servir, e para abençoar em seu nome até ao dia de hoje. Por isso Levi não tem parte nem herança com seus irmãos; “o Senhor é a sua herança, como o Senhor teu Deus lhe tem falado.” Dt. 10:8 e 9.
“Os sacerdotes levitas, toda a tribo de Levi, não terão parte nem herança com Israel; das ofertas queimadas do Senhor e da sua herança comerão. Por isso não terão herança no meio de seus irmãos; o Senhor é a sua herança, como lhes tem dito. Este, pois, será o direito dos sacerdotes, a receber do povo, dos que oferecerem sacrifício, seja boi ou gado miúdo; que darão ao sacerdote a espádua e as queixadas e o bucho. Dar-lhe-ás as primícias do teu grão, do teu mosto e do teu azeite, e as primícias da tosquia das tuas ovelhas. Porque o Senhor teu Deus o escolheu de todas as tuas tribos, para que assista e sirva no nome do Senhor, ele e seus filhos, todos os dias. E, quando chegar um levita de alguma das tuas portas, de todo o Israel, onde habitar; e vier com todo o desejo da sua alma ao lugar que o Senhor escolheu; e servir no nome do Senhor seu Deus, como também todos os seus irmãos, os levitas, que assistem ali perante o Senhor, igual porção comerão, além das vendas do seu patrimônio”. Dt. 18:1-8.
Jesus foi o primogênito de sua mãe. Ela o acompanhou até o calvário. Mas seus irmãos o quiseram prender, julgando-o louco.
E para mostrar que não devemos dar mais valor à família de carne ou humana que à espiritual, ele disse que a mãe e irmãos dele são os que fazem a vontade de Deus. Mt. 12:48.
Também disse que veio colocar em dissensão pai e filho, mãe e filha, irmão e irmão. Chegou mesmo a dizer que cinco numa casa estariam divididos, e que os inimigos do homem seriam os da sua própria família. Mt. 10:34-36.
Como podemos valorizar quem nos despreza? E isso ocorre freqüentemente nas famílias, e entre pais e filhos, principalmente dos filhos em relação a seus pais.
Disse Deus por um profeta:
“O filho despreza o pai e a filha a sua mãe”. Mq. 7:6.
Mas, como escreveu inspiradamente o salmista “Quando meu pai e minha mãe me desampararem, Deus me acolherá”. Sl. 27:10.
Há pais que rejeitam seus filhos quando estes optam por ser cristãos, negando-lhes suas bênçãos, e até os hostilizando. Então como preferir a família do ponto de vista humano, se esta me for contrária por ser eu santo?
Nesse caso eu estou com Jesus. Pois este nunca me rejeitou. Irmãos de carne e sangue se aborrecem e odeiam, mas os verdadeiros irmãos se amam.
Disse Jesus: “Não vos admireis se o mundo vos odeia, porque primeiro me odiou a mim. Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu”. Nesse caso os irmãos que aborrecem e odeiam são do mundo, enquanto que os que amam são espirituais.
Houve um homem ao qual eu tinha como irmão, e ao qual eu estendi a mão em uma de suas dificuldades. Mas, quando isso ocorreu comigo, disse ele que não me ajudou porque ouviu uma voz lhe dizer: “não ajuda”. Vamos saber de quem foi a voz que ele ouviu, e obedeceu.
Diz o Espírito por Tiago:
“E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento quotidiano, e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí?” Tg. 2:15 e 16.
Nesse caso ele não tinha o amor de Deus nele, ou seja, não era guardador dos mandamentos, os quais correspondem ao amor dEle, de Deus, razão porque não usou de misericórdia não tendo discernido a voz que ouvira.
Disse Jesus: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz e me seguem. Mas não seguem o estranho porque não lhe reconhecem a voz”. Jo. 10:5.
Diz uma escritura de Salomão: Um irmão que ajuda outro irmão é forte como os ferrolhos dum castelo.
Assim, ele era um falso irmão, e seguiu a voz dum estranho, e não lembrou instruções dadas pelo Espírito a Tiago, ou as dadas pelo Espírito a Paulo: “Amai-vos uns aos outros.” Rm. 12:10.
Não valorize a família carnal, de carne e sangue. Valorize a espiritual. Mas identifique-a. Porque muitos se dizem irmãos, enquanto o necessitado é ele, mas quando o necessitado é o outro, ele o ignora, pelo que também será ignorado. “Porque tive fome e não me destes de comer, tive sede e não me destes de beber. . .”
Oli Prestes
Missionário
Enviado por oliprest em 25/06/2011