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Estranho amor
Dizes: te amo, mas o hostilizas
És dura com quem dormes
Maltratas a quem beijas
E xingas a quem te socorre

Só demonstras impaciência
Nada suportas nem sofres
Oh, quanta intransigência
Matas e não sabes que morres

Beijas o cão, mas a ele magoas
Tens cuidados e solicitude
Cuidas do chão da tua casa
Mas, coitada, só negritude

Tens higiene excessiva
Lavas as mãos a toda hora
Tomas banho todo dia
Te perfumas e te empoas

Tua roupa íntima é alva
Tuas unhas são polidas
E, se voltas da rua, te lavas
Mas te acabrunhas à toa

Desviaste o teu o olhar
Da tua carne que mendiga
Que te diz: dá
E que não tem primazia

Ao nu não vestiste
Nem ao faminto deste pão
Parece até que não viste
Não se te pesou o coração

Mas cuidas das flores
E afagas o teu cão
Dedica-lhes amores
Estende-lhes a mão

E a tua luz não brilhou
Como a luz do meio-dia
A tua cura, assim, tardou
Não se te deu o que querias

Cevaste em tempo de matança
Ao pobre mataste
O que te virá sem tardança
Essa será a tua sorte.

Oliprest
Missionário
Enviado por oliprest em 10/06/2007




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Imagem de cabeçalho: raneko/flickr