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NO OCEANO DO ESPÍRITO
         Muitos há que querem navegar no oceano do Espírito, mas não conhecem a sinalização desse mar e correm o risco de se afundarem nele, já que não têm segura orientação para não se deixar levar por doutrinas de ventos e saber quando estão navegando para arrecifes, rochas com arrebentação ou praias de corais.

         Já que as trevas cobrem os povos, se faz necessário seguir a Jesus, pois ele mesmo disse: Eu Sou a Luz do mundo, e quem me segue não andará em trevas mas terá luz da vida. Façamos uma incursão nas Escrituras a fim de obter a luz que o Verbo de Deus, a Sua palavra, tem para nós que olhamos para Ele a fim de sermos iluminados.

         Pelas Escrituras entendemos que profecias são ditos reveladores, ou revelações faladas por alguém usado por Deus para avisar e prevenir o seu povo.

         E ainda que seja requerido que o profeta seja íntegro, nem sempre eles foram pessoas de caráter ilibado. Aliás, pelas Escrituras sabemos que desde tempos remotos falou Deus por ímpios também. Concluímos, assim, que pelo fato de uma pessoa ser usada por Deus para trazer a sua mensagem a alguém ou a algum povo, isso não lhe dará direitos vitalícios e garantia de vida eterna. Até porque, no passado, Deus usou até animais e seres inanimados para falar a alguém ou ao Seu povo, o que não dá direitos a eles de habitarem com Deus.

         Como exemplo disso, temos o caso de Balaão que foi usado por Deus para profetizar para Balaque a respeito do seu povo de Israel, mas não era tão temente como deveria, razão porque foi morto depois. Apesar disso, Deus, usando a própria jumenta do profeta, falou ao mesmo poupando-o temporariamente.

         O episódio de Balaão está registrado nas Escrituras no livro de Números nos capítulos 22 e 24.

         Em contraste com ele temos Enoque, o sétimo depois de Adão, que em judas diz que profetizou sobre a vinda do Senhor. Jd. 14. E que foi de tal santidade que foi trasladado vivo para o céu. Gn. 5:24 e Hb. 11:5.

         Assim, temos vários exemplos pelas Escrituras de profetas tementes a Deus, e também de profetas ímpios.

         Até nobres e reis receberam essa dádiva, e embora desviados da justiça, ainda assim profetizavam.

         Como exemplo temos o caso de Saul, rei de Israel, que certa vez, pretendendo matar a Davi, e após mandar emissários para pretendê-lo, em chegando eles a  presença de Davi e do profeta Samuel com quem Davi estava, passaram a profetizar, e não o prenderam. Isso aconteceu com três turmas enviadas, tendo Saul resolvido ir pessoalmente buscar Davi preso. E quando ia se aproximando do local em que Davi estava com o profeta, passou a profetizar e esteve um dia e uma noite despido diante de Samuel, profetizando. I Sm. 19:19-24.

         Não sabemos o que ele profetizou dessa vez, como nada diz as Escrituras do que foi profetizado da outra vez  quando ele, antes de ascender ao trono do povo de Israel, após Deus o ter escolhido e lhe falado por Samuel sobre isso, e profetizado por Samuel, ele esteve num grupo de profetas e que também profetizou. I Sm. 10:5 e 6.

         Nada obstante ter Deus usado a Saul com o seu Santo Espírito, ele não deixou de perseguir a Davi a quem queria matar, devido Deus já o ter escolhido para substituir a Saul no trono.

         Vemos nesse episódio ainda, que Saul já vinha sendo objeto de possessão de um espírito imundo, da parte do Senhor, devido ele ter deixado de cumprir determinações do Senhor. Vemos, portanto, que nada obstante ele se ter tornado ímpio, ainda assim o Senhor o usou com o Seu Santo Espírito, dando-lhe profetizar. I Sm. 18:10.
         Outro ímpio que profetizou, segundo nos relata as Escrituras, foi Caifás, que era sumo-sacerdote judeu ao tempo de Cristo e que profetizou que Jesus devia morrer pela nação israelita. Jo. 11:49-5l.

         Outrossim, temos Davi que nada obstante as Escrituras chamadas de “Velho Testamento” nada dizerem ser ele profeta, disse Jesus que profetizou. E isso está presente no livro dos salmos. Davi profetizou sobre Cristo, seu sofrimento, morte e ressurreição. Ainda que Davi não tenha sido um profeta de ofício, por meio de quem alguém consultava ao Senhor, ele foi um profeta literário. E as suas profecias são ricas em revelações.

         Apesar disso, Davi incorreu em faltas, tendo até tramado a morte de um homem por causa da mulher deste, com quem se relacionou afetiva e sexualmente. Davi foi admoestado por outro profeta, este de ofício, Natã, que lhe profetizou os castigos que lhe adviriam como conseqüência do ato que Davi praticou. II Sm. 11 e 12.

         Davi se humilhou perante o Senhor, coisas que Saul não fez, e obteve o perdão, não morreu em conseqüência daquele pecado.

         No meio do povo de Israel houve também falsos profetas e profetizadores. Na capital do reino de Israel, Samaria, a mulher de Acabe, rei desse reino, tinha os profetas de Baal a quem ela servia. O seu número ascendia a mais de quatrocentos. A mulher desse rei, Jezabel, buscou sistematicamente eliminar os profetas de Deus, quase os exterminando totalmente. Deles escapou Elias que a esse tempo pensou ter ficado só, mas para quem disse Deus ter reservado sete mil varões que não haviam dobrado seus joelhos a Baal.

         Elias colocou-os a prova diante do povo de Israel, e eles foram envergonhados tendo Elias ordenado que eles fossem mortos. I Re. 18:20-40.

         Os profetas do passado eram ungidos pelo próprio Deus e não tinham linha de sagração, nada obstante os seus filhos terem sido considerados como profetas, quem sabe devido ao pensamento de que “filho de peixe, peixinho é”.

         Houveram casos em que Deus mandou um profeta ungir a outro a quem Ele queria para falar ao Seu povo. Foi o caso de Elizeu, ungido por Elias.

         Mas houveram casos de profetas como o próprio Elias; Micail, filho de Inlá; Amós, um dos pastores que estavam em Técoa, dos quais não nos diz as Escrituras sobre as suas origens. Era gente comum, mas temente a Deus. Esse Amós chegou a dizer a Amazias, sacerdote no reinado de Acabe, quando esse sacerdote o impediu de profetizar: Eu não era profeta, nem filho de profeta, mas pastor de ovelhas e cultivador de sicômoros, e o Senhor me chamou e disse: profetiza ao meu povo de Israel. I Re. 7:14.

         Os profetas eram sustentados por aqueles que os consultavam. I Sm. 9:7 e 8. Assim, muitos profetas se corromperam e profetizaram de si mesmos buscando agradar a quem o consultava. Mas houveram profetas íntegros, fiéis a Deus, que, embora sozinhos, não temeram nem a reis, mas falaram aquilo que Deus lhes falava na mente. Foi o caso de Micail, filho de Inlá, que profetizou contrariamente ao que haviam profetizado os quatrocentos profetas de Baal a Acabe, e que disseram que esse rei fosse a guerra contra o rei da síria, em Ramote de Gileade que ele seria bem sucedido. Não foi bem sucedido, e se cumpriu o que o profeta Micail havia profetizado.

         Um profeta instruído numa corte pagã, foi homem poderoso  em palavras e obras, e incumbido de livrar ao povo de Israel do jugo de Faraó. Falamos de Moisés, homem de Deus, como eram chamados os profetas de Deus. Ele tem sido tomado como protótipo de Cristo. Ele também não foi um profeta de ofício, mas um profeta literário. Seus irmãos Arão e Miriã também foram profetas, e, num dado momento, se ensoberbeceram e se levantaram censurando Moisés, razão porque Miriã ficou sete dias leprosa.

         Os profetas eram pessoas respeitadas quando o povo estava em obediência diante de Deus, mas perseguidos quando esse povo se desviava de obedecer a Deus. E nem todos os profetas permaneceram fiéis, mas eram contagiados pelo proceder dos demais e naufragavam na fé, se tornado levianos e aleivosos.

         Aqueles que permaneciam fiéis e cumpriam cabalmente o seu ministério, sofriam e até foram mortos.

         Jeremias foi jogado dentro de um poço sem água mas com lama. Jr. 38. Malaquias foi morto no templo entre o pórtico e o altar; Isaías, segundo a história, não constante na Bíblia, foi serrado ao meio.

         Saul, quando se apartou de seguir ao Senhor, mandou matar oitenta e cinco sacerdotes do Senhor. I Sm. 22:11-19.

         Daniel na corte de Babilônia onde era cativo, foi usado por Deus e cumpriu esse ministério falando principalmente aos reis daquele império, qual seja, Nabucodonosor e seu filho Beltsazar. Quando esse reino foi invadido pelos Medo-Persas, continuou Daniel o seu ofício, tendo sido jogado dentro da cova dos leões, nada obstante o rei Dário ter intervido, pois estimava a Daniel e tudo feito  para livrá-lo da cova dos leões. Mas Deus fechou a boca dos leões, pois não se achou em Daniel pecado algum. Dn.  6.

         Há uma coisa importante, entretanto, que precisam saber aqueles que acreditam no ofício dos profetas. E isso transcrevemos na íntegra das Escrituras:

         Qualquer homem da casa de Israel que levantar os seus ídolos no seu coração, e puser o tropeço da sua maldade diante da sua face, e vier ao profeta, Eu, o Senhor, vindo ele, lhe responderei conforme a multidão dos seus ídolos; para que possa apanhar a casa de Israel no seu coração, porquanto todos se apartaram de Mim para seguirem os seus ídolos. Portanto dize à casa de Israel: Assim diz o Senhor Jeová: Convertei-vos, e deixai os vossos ídolos; e desviai os vossos rostos de todas as vossas abominações. Porque qualquer homem da casa de Israel, ou dos estrangeiros que peregrinam em Israel, que se alienar de mim e levantar os seus ídolos no seu coração, e puser o tropeço da sua maldade diante do seu rosto, e vier ao profeta, para me consultar por meio dele, a esse, Eu, o Senhor, responderei por Mim mesmo. E porei o meu rosto contra o tal homem, e o farei um espanto, um sinal e um provérbio, e arrancá-lo-ei do meio do meu povo; e sabereis que Eu sou o Senhor. E se o profeta for enganado, e falar alguma cousa, Eu, o Senhor, persuadi esse profeta; e estenderei a minha mão contra ele, e destruí-lo-ei do meio do meu povo Israel; e levarão a sua maldade; como a maldade do que pergunta será a maldade do profeta; para que a casa de Israel não se desvie mais de Mim, nem se contamine mais com todas as suas transgressões; então eles serão o meu povo, e Eu serei o seu Deus, diz o Senhor Jeová. Ez.  14:4-11.

         Vimos que se a pessoa transgredir e vir consultar ao Senhor, se o profeta souber deve exortá-lo e não ser omisso. Caso contrário, o profeta sofrerá o mesmo castigo do prevaricador. Ora, quem gostaria de sofrer pela transgressão de outrem?  Eu não!

         E nem sempre a intercessão do profeta é aceita por Deus. E isso nos fala as Escrituras dando instrução e exemplo.

         Quando uma terra pecar contra mim, gravemente se rebelando, então estenderei a minha mão contra ela, e tornarei instável o sustento de pão, e enviarei contra ela fome, e arrancarei dela homens e animais; ainda que estivessem no meio dela estes três homens, Noé, Daniel e Jó, eles pela sua justiça livrariam apenas a sua alma, diz o Senhor Jeová. Se eu fizer passar pela terra nocivas alimárias, e elas a assolarem, que fique assolada, e ninguém possa passar por ela por causa das feras; ainda que esses três homens estivessem no meio dela, vivo Eu, diz o Senhor Jeová, que nem filhos nem filhas livrariam, mas eles só ficariam livres. Ou, se Eu enviar a peste sobre a tal terra, e derramar o meu furor sobre ela com sangue, para arrancar dela homens e animais; ainda que Nóe, Daniel e Jó estivessem no meio dela, vivo Eu, diz o Senhor Jeová, que nem filho nem filha eles livrariam, mas só livrariam as suas próprias almas pela sua justiça. Porque assim diz o Senhor Jeová: Quando mais, se Eu enviar os meus quatro juízos, a espada, e a fome, e as nocivas alimárias, e a peste, contra Jerusalém para arrancar dela homens e animais. Mais eis que alguns restarão nela, que serão levados para fora, assim filhos como filhas; eis que eles virão a vós, e vereis o seu caminho e os seus feitos; e ficareis consolados do mal que Eu trouxe sobre Jerusalém, e de tudo o que trouxe sobre ela. E sereis consolados, quando virdes o seu caminho e os seus feitos; e sabereis que não fiz sem razão tudo quanto tenho feito nela, diz o Senhor Jeová. Ex. 14:13-23.

         Samuel passou uma noite toda clamando a Deus por Saul, mas Deus não o atendeu. I Sm. 15:11.

         É possível que alguém ou alguma Igreja ou algum povo por possuir os dons do Espírito ache que isso é mérito, e presuma que o Senhor o aceita e não o reprovará. Mas Jesus foi bem claro quando falou que naquele dia muitos vão dizer: Senhor, Senhor! Não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade. Mt. 7:22 e 23.

         E nos fala o apóstolo Paulo:

         Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse caridade (amor), seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse caridade (amor), nada seria. I Co. 13:1-3.

         E isso está havendo. Igrejas há que até falam em língua dos anjos (as línguas estranhas), profetizam, expulsam demônios, tem dom de revelação, mas não conhecem a Deus. Pois os que conhecem a Deus, são os mesmo que são conhecidos dEle, conforme Gl. 4:9 e I Jo. 2:3. Ou seja, os guardadores dos seus mandamentos, que é o sinal entre Deus e o Seu povo. Ez. 20:20.

         Outrossim, conforme falou o Senhor por Isaías, Ele estendeu diariamente a sua mão a um povo rebelde, que caminha por caminho que não é bom, após os seus pensamentos. Povo que me irrita diante da minha face de contínuo, sacrificando em jardins e queimando incenso sobre tijolos; assentando-se junto às sepulturas, e passando as noites juntos aos lugares secretos; comendo carne de porco e caldo de cousas abomináveis nos seus vasos. (…) Estes são um fumo no meu nariz, um fogo que arde todo o dia. Is. 65:2-5.

         Há quem não admita que Deus possa dar dons a quem pratique o que vimos atrás. Mas as Escrituras não dizem assim. Antes diz que Deus estendeu diariamente a sua mão aqueles que aquilo praticavam.

         Ora, senhores edificadores, os dons são para edificação do corpo de Cristo, a Igreja. Por isso diz o Senhor por Isaías:

         Também eu quererei as suas ilusões, farei vir sobre eles os seus temores; porquanto clamei e ninguém respondeu, falei, e não escutaram; mas fizeram o que parece mal aos meus olhos, e escolheram aquilo em que não tinha prazer. Is. 66:4.

         Já disse o apóstolo Paulo, que há diversidade de ministérios e diversidade de dons, mas que é o mesmo Espírito e o mesmo Senhor que opera e reparte a cada um para o que for útil. I Co. 12:4-11.

         Portanto, não pense que por você ter dons que não está sujeito à condenação, ou por estar numa Igreja que tenha dons está no caminho certo. Examine o seu caminho. Quem sabe os do Senhor sejam bem mais altos que o seu!

Oli Prestes
Missionário
oliprest
Enviado por oliprest em 07/08/2010
Alterado em 02/05/2020


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Imagem de cabeçalho: raneko/flickr