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Um longo abraço

Um abraço, quando recebido de alguém a quem queremos bem, é algo agradável, que pode despertar em nós sentimento de ternura e amor. Mas um abraço pode vir de alguém que nem suspeitamos ter más intenções para conosco. E pode haver abraço que, ainda que não agrade, pode ser vital para alguém.

Ouvi dizer que o tamanduá bandeira, quando depara com uma onça, fica sobre as patas traseiras pronto para um embate. E caso seja por ela atacado, abraça-a fazendo penetra-lhe suas longas unhas, num mortal abraço. Ele morre e ela também. É um abraço não fraterno nem amigo, mas mortal para ambos.

Os homens têm feito concursos os mais variados, testando suas habilidades e capacidade. Nesses concursos passam horas beijando, dançando, abraçando, etc.

Abraços eu tenho recebido, uns cordiais, outros formais, e até virtuais. Mas o que mais tem durado, o qual já dura mais de cinqüenta dias, me foi dado por pessoas que eu não conhecia, mas que o fizeram para meu bem. Elas me abraçaram com um colete de gesso, por prescrição médica, a fim de me polpar de um mal maior, um procedimento cirúrgico ou uma possível invalidez. Esse abraço eu não desejei, mas foi providencial, e, ainda que não me agrade e até me cause muito incômodo, me é necessário; por isso eu não reclamo dele, do abraço, e até sou muito grato para com aqueles que isso fizeram, bem como a quem isso determinou, o qual detinha o conhecimento necessário à orientação do procedimento.

Nesta pequena consideração eu quero fazer um especial agradecimento a Dra. Talita Zerbini, do Ponto Socorro de Traumatologia do Hospital das Clínicas. É que ela viu como eu estava fragilizado quando ali eu cheguei, e fez o que outros talvez não fariam, pois ali só está sendo tratado os casos que  requeiram urgência, e ela viu que o meu era um deles.

Também agradecer a outros servidores que gentilmente me  serviram ali, como a equipe de gesso, que além de cumprir com desembaraço sua função, ainda teve humor que me fez esquecer a minha condição de moribundo, e levantar o meu moral, tão baixo na ocasião. Também agradecer a atendente Ana Lúcia, do Pronto-socorro de Traumatologia, que gentilmente me deu comida na boca, enquanto eu esperava a secagem do gesso. Ao enfermeiro Pedro, diligente e seguro na sua lida diária. E todos os demais que, mesmo sem terem tido contato próximo, estavam nos bastidores participando e cumprindo suas funções. Também ao pessoal da fisioterapia, como a Srta. Silvia.

Que o meu Deus, segundo a sua graça, lhes assista se, por desventura vierem a passar por alguma aflição. E que cumpra o que disse Jesus: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia”. Mt. 5:7.

S.Paulo, 21/04/07.

oliprest
Enviado por oliprest em 02/10/2010


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Imagem de cabeçalho: raneko/flickr