A VERDADE DOS FATOS RELATIVOS A MORTE E RESSURREIÇÃO DE JESUS parte II
A VERDADE DOS FATOS
Considerações sobre os textos:
Primeiro argumento –
A confusão existente sobre o tema decorre do fato de existirem várias Marias, inclusive mais de uma Maria Madalena. Quanto a essas, basta ler os textos de Mateus, veja:
E estavam ali, olhando de longe, muitas mulheres que tinham seguido Jesus desde a Galiléia, para o servir; entre as quais estavam Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu. Mt. 27:55 e 56. Adiante diz: E estavam ali Maria Madalena e a outra Maria, assentadas defronte do sepulcro. V. 61.
Assim, no grupo vindo da Galiléia, e que estava olhando de longe, havia uma Maria Madalena; e com Maria, possivelmente a mulher de Cléofas, havia outra Maria Madalena, estas defronte do túmulo. Mas os tradutores colocaram o vocábulo “outra” antes de Maria e depois de Maria Madalena, interpolando o texto.
Diz João:
E junto à cruz de Jesus estava sua mãe, e a irmã de sua mãe, Maria mulher de Cléofas, e Maria Madalena. Jo. 19:25. E Marcos e Lucas confirma isso, veja:
E também ali estavam algumas mulheres, olhando de longe, entre as quais também Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago, o menor, e de José, e Salomé; as quais também o seguiam, e o serviam, quando estava na Galiléia; e muitas outras, que tinham subido com ele a Jerusalém. Mc. 15:40 e 41.
Então uma Maria Madalena, e Maria mãe de Tiago e de José, e Salomé eram do grupo vindo da Galiléia. Pois Lucas confirma isso, veja:
E todos os seus conhecidos, e as mulheres que juntamente o haviam seguido desde a Galiléia, estavam de longe vendo estas coisas. Lc. 23:49.
E as mulheres, que tinham vindo com ele da Galiléia, seguiram também e viram o sepulcro, e como foi posto o seu corpo. E, voltando elas, prepararam especiarias e ungüentos; e no sábado repousaram, conforme o mandamento. Lc. 23:55 e 56.
Assim, as mulheres que preparam especiarias e ungüentos eram as que tinham vindo da Galiléia. Pois Lucas diz mais:
E no primeiro dia da semana, muito de madrugada, foram elas ao sepulcro, levando as especiarias que tinham preparado, e algumas outras com elas. E acharam a pedra revolvida do sepulcro. E, entrando, não acharam o corpo do Senhor Jesus. E aconteceu que, estando elas muito perplexas a esse respeito, eis que pararam junto delas dois homens, com vestes resplandecentes. E, estando elas muito atemorizadas, e abaixando o rosto para o chão, eles lhes disseram: Por que buscais o vivente entre os mortos? Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos como vos falou, estando ainda na Galiléia, Lc. 24:1-6.
Marcos diz:
E, passado o sábado, Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem ungi-lo. E, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro, de manhã cedo, ao nascer do sol. E diziam umas às outras: Quem nos revolverá a pedra da porta do sepulcro? E, olhando, viram que já a pedra estava revolvida; e era ela muito grande. E, entrando no sepulcro, viram um jovem assentado à direita, vestido de uma roupa comprida, branca; e ficaram espantadas. Ele, porém, disse-lhes: Não vos assusteis; buscais a Jesus Nazareno, que foi crucificado; já ressuscitou, não está aqui; eis aqui o lugar onde o puseram. Mas ide, dizei a seus discípulos, e a Pedro, que ele vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis, como ele vos disse. E, saindo elas apressadamente, fugiram do sepulcro, porque estavam possuídas de temor e assombro; e nada diziam a ninguém porque temiam. Mc 16:1-8.
Observe as expressões de Lucas e Marcos:
As mulheres referidas por Lucas prepararam especiarias e ungüentos, enquanto que as mulheres referidas por Marcos compraram aromas para ungi-lo.
Do que concluímos que um grupo vindo da Galiléia preparou as especiarias até a sexta-feira, tendo descansado no sábado conforme o mandamento, e foi ao sepulcro no primeiro dia da semana muito de madrugada, conforme diz Lucas, Lc. 24:1, enquanto que o outro grupo vindo da Galiléia foi comprar os aromas após o sábado, no qual haviam descansado conforme o mandamento, Mc. 16:1.
A Maria que estava com a outra Maria Madalena, bem podia ser a Maria mãe de José, devido o seguinte texto:
E Maria Madalena e Maria, mãe de José, observavam onde o punham. Mc. 15:47.
Como Maria, mãe de Jesus, se retirou com João, pois diz a escritura que “desde àquela hora a recebeu em sua casa”, então ficou Maria Madalena e Maria mãe de José assistindo ao final do funeral, e onde punham o corpo.
É preciso que se atente para o tempo do sepultamento. Jesus morreu às nove horas do dia. O que na cronologia do mundo corresponde a quinze horas ou três horas, do que chamam de tarde. Então o funeral fora feito em tempo exíguo, como todo o resto, desde a sua prisão até o seu julgamento. Pois que o corpo teve que ser embalsamado, o que fora providenciado por José de Arimatéia e Nicodemos, veja:
Depois disto, José de Arimatéia (o que era discípulo de Jesus, mas oculto, por medo dos judeus) rogou a Pilatos que lhe permitisse tirar o corpo de Jesus. E Pilatos lho permitiu. Então foi e tirou o corpo de Jesus. E foi também Nicodemos (aquele que anteriormente se dirigira de noite a Jesus), levando quase cem arráteis de um composto de mirra e aloés. Tomaram, pois, o corpo de Jesus e o envolveram em lençóis com as especiarias, como os judeus costumam fazer, na preparação para o sepulcro. E havia um horto naquele lugar onde fora crucificado, e no horto um sepulcro novo, em que ainda ninguém havia sido posto. Ali, pois (por causa da preparação dos judeus, e por estar perto aquele sepulcro), puseram a Jesus. Jo. 19:38-42.
E a expressão “muitas outras que tinham subido com ele a Jerusalém”, Mc. 15:41, confirma que eram muitas mulheres, que não eram de Jerusalém, o que resultou em vários grupos que foram ao túmulo.
Segundo argumento –
O que pode parecer coincidências nos textos dos diversos narradores relativo as Marias Madalenas não podem servir de argumento para afirmar que era a mesma Maria Madalena, porque não existem dados nos textos que isso possa evidenciar, veja:
A primeira Maria Madalena foi ao sepulcro ao findar do sábado, acompanhada de uma Maria; elas viram somente um anjo; também viram a Jesus, falaram com ele, adoraram-no, abraçaram os seus pés e os beijaram. Mt. 28:1-10.
A segunda Maria Madalena foi sozinha ao sepulcro; foi avisar logo aos discípulos que o corpo não mais estava no túmulo. Dois deles, Pedro e João, foram até o túmulo constatar isso; ela viu dois anjos, com os quais não falou; viu a Jesus, falou com ele, o qual lhe disse para não detê-lo; deste recebeu incumbência, e foi se desincumbir dela.
A terceira Maria Madalena fora acompanhada de Maria mãe de Tiago, e Salomé; elas viram também apenas um anjo; entretanto não diz que viram a Jesus ou falaram com ele. Apesar de terem recebido uma incumbência do anjo que avistaram e que lhes dirigiu a palavra, diz que não contaram nada a ninguém, conforme afirma em Mc. 8:16.
O grupo citado por Lucas era composto das mulheres vindas da Galiléia, mas ao início não cita Maria Madalena. A versão da JUERP diz no versículo dez que eram Maria Madalena, e Joana e Maria mãe de Tiago. Mas a versão de João Ferreira de Almeida, revista e corrigida, editada pela Sociedade Bíblica do Brasil, edição de 1969, diz assim:
“E eram Maria Madalena, e Joana, e Maria, mãe de Tiago, e as outras que com elas estavam as que diziam estas coisas. Portanto, não obrigatoriamente as que foram de uma só vez ao sepulcro no grupo da Galiléia”.
Portanto, é possível equívoco dos revisores da editora JUERP/Imprensa Bíblica Brasileira.
Essa Maria Madalena era acompanhada por Joana, e esta era mulher de Cuza, procurador de Herodes, e este era tetrarca da Galiléia, veja:
E Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, e Suzana, e muitas outras que o serviam com seus bens. Lc. 8.3. E no ano quinze do império de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos presidente da Judéia, e Herodes tetrarca da Galiléia, etc. Lc. 3:1.
Então a Maria Madalena vinda da Galiléia se fazia acompanhar das mulheres da Galiléia, enquanto que uma Maria Madalena habitante noutro lugar, se fazia acompanhar de Maria mulher de Cléofas.
E a outra Maria Madalena era possivelmente de Jerusalém, pois a mensagem que recebeu foi para os discípulos, veja:
Ele não está aqui, porque já ressuscitou como havia dito. Vinde, vede o lugar onde o Senhor jazia. Ide pois, imediatamente, e dizei aos seus discípulos que já ressuscitou dentre os mortos. E eis que ele vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis. Eis que eu vo-lo tenho dito. E, saindo elas pressurosamente do sepulcro, com temor e grande alegria, correram a anunciá-lo aos seus discípulos. E, indo elas a dar as novas aos seus discípulos, eis que Jesus lhes sai ao encontro, dizendo: Eu vos saúdo. E elas, chegando, abraçaram os seus pés, e o adoraram. Então Jesus disse-lhes: Não temais; ide dizer a meus irmãos que vão à Galiléia, e lá me verão. Mt. 28:6-10.
Segundo tomei conhecimento, Maria madalena significa mãe solteira. Sendo assim, então é possível que fossem mais de uma.
Como no passado, hoje as igrejas possuem muitas mulheres com nomes iguais, principalmente Maria, que é um nome comum. E como naquela época não existiam sobrenomes, mas as pessoas eram distinguidas umas das outras se acrescentando um adjetivo ao nome, é provável mesmo que houvesse várias Marias de Magdala. E isso é possível provar. Além dos textos já citados, também existe um de Marcos, que diz: “E tendo Jesus ressuscitado, no primeiro dia da semana apareceu primeiramente a Maria Madalena da qual tinha expulsado sete demônios”.Mc. 16:9. Esse texto faz menção a Maria Madalena da qual Jesus expulsara sete demônios; apesar disso, é muito possível que tenha sido feito um acréscimo, qual seja: “primeiramente”. Afirmo isso porque Jesus apareceu primeiramente a uma Maria Madalena no findar do sábado, quando já despontava o primeiro dia da semana, conforme Mt. 28:1-9. Então o texto citado bem poderia ser: “E tendo Jesus ressuscitado, apareceu no primeiro dia da semana a primeira Maria Madalena da qual expulsara sete demônios”.
Outrossim, apesar de Pedro e João terem ido ao sepulcro, eles não viram ao Senhor, pois disso os escritores não fazem menção. E na narrativa do caminho de Emaús, João diz:
É verdade que também algumas mulheres dentre nós nos maravilharam, as quais de madrugada foram ao sepulcro; e, não achando o seu corpo, voltaram, dizendo que também tinham visto uma visão de anjos, que dizem que ele vive. E alguns dos que estavam conosco foram ao sepulcro, e acharam ser assim como as mulheres haviam dito; porém, a ele não o viram. Lc. 24:22-24.
Por conseguinte, Jesus lhes disse que fossem aos seus irmãos lhes dizer que subissem à Galiléia, que lá o veriam. Como dizem as Escrituras, Jesus tinha irmãos e irmãs, veja:
Não é este o filho do carpinteiro? e não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, e José, e Simão, e Judas? E não estão entre nós todas as suas irmãs? De onde lhe veio, pois, tudo isto? Mt. 13:55 e 56.
E, falando ele ainda à multidão, eis que estavam fora sua mãe e seus irmãos, pretendendo falar-lhe. E disse-lhe alguém: Eis que estão ali fora tua mãe e teus irmãos, que querem falar-te. 12:46 e 47.
Chegaram, então, seus irmãos e sua mãe; e, estando fora, mandaram-no chamar. E a multidão estava assentada ao redor dele, e disseram-lhe: Eis que tua mãe e teus irmãos te procuram, e estão lá fora. E ele lhes respondeu, dizendo: Quem é minha mãe e meus irmãos? E, olhando em redor para os que estavam assentados junto dele, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos. Porquanto, qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, e minha irmã, e minha mãe. Mc. 3:31 a 34.
E foram ter com ele sua mãe e seus irmãos, e não podiam aproximar-se dele, por causa da multidão. E foi-lhe dito: Estão lá fora tua mãe e teus irmãos, que querem ver-te. Mas, respondendo ele, disse-lhes: Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a executam. Lc. 8:19-21.
Depois disto desceu a Cafarnaum, ele, e sua mãe, e seus irmãos, e seus discípulos; e ficaram ali não muitos dias. Jo. 2:12.
E não eram irmãos de fé apenas, mas de carne. Pois certa feita eles quiseram mandar prende-lo, por acharem que Jesus estava louco, veja:
E, quando os seus ouviram isto, saíram para o prender; porque diziam: Está fora de si. Mc. 3:21.
E ainda outra passagem registra outra ocorrência, veja:
Disseram-lhe, pois, seus irmãos: Sai daqui, e vai para a Judéia, para que também os teus discípulos vejam as obras que fazes. Porque não há ninguém que procure ser conhecido que faça coisa alguma em oculto. Se fazes estas coisas, manifesta-te ao mundo. Porque nem mesmo seus irmãos criam nele. Jo. 7:3-5.
Nessa ocasião Jesus disse mais aos seus irmãos:
O mundo não vos pode odiar, mas ele me odeia a mim, porquanto dele testifico que as suas obras são más. Subi vós a esta festa; eu não subo ainda a esta festa, porque ainda o meu tempo não está cumprido. E, havendo-lhes dito isto, ficou na Galiléia. Mas, quando seus irmãos já tinham subido à festa, então subiu ele também, não manifestamente, mas como em oculto. Jo. 7:7-10.
E se o mundo não podia odiá-los é porque eles não eram tementes a Deus, o que pode ter vindo a ocorrer depois, no decurso do seu ministério.
E o recado dado por Jesus para as mulheres na narrativa de Mateus, foi para que seus irmãos fossem para a Galiléia, que lá o veriam. Se eles fossem os discípulos, haveria contradição, pois que Jesus apareceu aos seus discípulos enquanto eles ainda estavam em Jerusalém. Do mesmo modo, na mensagem dada por Jesus a uma das Maria Madalena, a que fora ao sepulcro juntamente com Maria mãe de Tiago e Salomé, foi que ela avisasse aos seus discípulos e a Pedro que Jesus iria adiante deles para a Galiléia. Mc. 16:7.
Também a mensagem dada por Jesus à outra Maria Madalena do episódio narrado por João, foi:
Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus. Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos que vira o Senhor, e que ele lhe dissera isto. Jo. 20:17 e 18. Então esses não eram irmãos de carne, mas espirituais.
Se esta Maria Madalena fosse a mesma que estivera no sepulcro ao findar do sábado, a qual dialogou com Jesus, e dele recebeu incumbência, no reencontro com Jesus na manhã do primeiro dia da semana teria levado, no mínimo, uma reprovação, como ele fez com os discípulos quando lhes apareceu, veja:
E, ouvindo eles que vivia, e que tinha sido visto por ela, não o creram. E depois manifestou-se de outra forma a dois deles, que iam de caminho para o campo. E, indo estes, anunciaram-no aos outros, mas nem ainda estes creram. Finalmente apareceu aos onze, estando eles assentados à mesa, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem crido nos que o tinham visto já ressuscitado. Mc. 16:11-14.
Mas, afinal, ele não havia aparecido a quase todos, a uns poucos de cada vez? Como aqui diz que ele finalmente apareceu aos onze quando eles estavam sentados à mesa?
Vamos registrar as aparições de Jesus aos discípulos para confirmar o que afirmamos sobre a visita de Pedro ao sepulcro, ou seja, que ele não vira o Senhor nessa ocasião.
Depois disto manifestou-se Jesus outra vez aos discípulos junto do mar de Tiberíades; e manifestou-se assim: Estavam juntos Simão Pedro, e Tomé, chamado Dídimo, e Natanael, que era de Caná da Galiléia, os filhos de Zebedeu, e outros dois dos seus discípulos. Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Disseram-lhe eles: Também nós vamos contigo. Foram, e subiram logo para o barco, e naquela noite nada apanharam. E, sendo já manhã, Jesus se apresentou na praia, mas os discípulos não conheceram que era Jesus. Disse-lhes, pois, Jesus: Filhos, tendes alguma coisa de comer? Responderam-lhe: Não. E ele lhes disse: Lançai a rede para o lado direito do barco, e achareis. Lançaram-na, pois, e já não a podiam tirar, pela multidão dos peixes. Então aquele discípulo, a quem Jesus amava, disse a Pedro: É o Senhor. E, quando Simão Pedro ouviu que era o Senhor, cingiu-se com a túnica (porque estava nu) e lançou-se ao mar. E os outros discípulos foram com o barco (porque não estavam distantes da terra senão quase duzentos côvados), levando a rede cheia de peixes. Logo que desceram para terra, viram ali brasas, e um peixe posto em cima, e pão. Disse-lhes Jesus: Trazei dos peixes que agora apanhastes. Simão Pedro subiu e puxou a rede para terra, cheia de cento e cinqüenta e três grandes peixes e, sendo tantos, não se rompeu a rede. Disse-lhes Jesus: Vinde, comei. E nenhum dos discípulos ousava perguntar-lhe: Quem és tu? sabendo que era o Senhor. Chegou, pois, Jesus, e tomou o pão, e deu-lhes e, semelhantemente o peixe. E já era a terceira vez que Jesus se manifestava aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado dentre os mortos. E, depois de terem jantado, disse Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que estes? E ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeiros. Jo. 21:1-15.
Apesar de no texto dizer que era manhã, não quer isso dizer que era cedo do dia. É que, biblicamente, manhã é a parte clara do dia no ciclo de vinte e quatro horas. E ele, o dia, já estava declinando. Prova disso encontramos adiante, onde diz “e depois de terem jantado”. Como se sabe o jantar é o repasto da noite. Então deve se entender como “e sendo dia”.
Por conseguinte, apesar de o texto dizer que naquela ocasião Pedro disse que ia pescar e os discípulos que estavam juntos dele dizerem que também iam, dentre os quais estava Tomé, não encontramos citação de que ele permaneceu com eles até o momento da aparição de Jesus, na praia. Pois eles já haviam pescado a noite toda e nada apanharam. Pode ser que Tomé já havia se retirado. Pois, senão, ele saberia que era o Senhor, e não mais haveria razão para o que houve quando ele apareceu a alguns discípulos dentre os quais estava Tomé, momento em que Jesus o censurou por ter duvidado de que havia ressuscitado dentre os mortos.
Outrossim, na ocorrência relativa aos discípulos que iam para Emaús, diz:
E na mesma hora, levantando-se, tornaram para Jerusalém, e acharam congregados os onze, e os que estavam com eles, os quais diziam: Ressuscitou verdadeiramente o Senhor, e já apareceu a Simão. E eles lhes contaram o que lhes acontecera no caminho, e como deles fora conhecido no partir do pão. E falando eles destas coisas, o mesmo Jesus se apresentou no meio deles, e disse-lhes: Paz seja convosco. E eles, espantados e atemorizados, pensavam que viam algum espírito. E ele lhes disse: Por que estais perturbados, e por que sobem tais pensamentos aos vossos corações? Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho. E, dizendo isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. E, não o crendo eles ainda por causa da alegria, e estando maravilhados, disse-lhes: Tendes aqui alguma coisa que comer? Então eles apresentaram-lhe parte de um peixe assado, e um favo de mel; o que ele tomou, e comeu diante deles. Lc. 24:33-43. E nessa ocasião não diz o narrador que Jesus censurou a Tomé. Isso por Tomé não se encontrar entre eles, apesar de ele ser um dos onze apóstolos.
Nessa narrativa existe um fato que precisa ser esclarecido. Se fossem os onze apóstolos que estavam reunidos, por que um deles disse que o Senhor já havia aparecido a Simão, se Simão era um dos onze apóstolos? E também por que Tomé não estava entre os onze sendo ele um apóstolo? Porque esses não eram os onze apóstolos, mas onze discípulos.
Potanto houve acréscimo nesse texto. Seria: “e acharam congregados onze”, e os que estavam com eles. Ou seja, onze discípulos e outros irmãos, que não eram obrigatoriamente discípulos. Porque se fossem os onze apóstolos, Pedro e Tomé também teriam que estar obrigatoriamente entre eles, já que também eram apóstolos. E Tomé só estava com os demais em outra aparição. Também na mensagem de Jesus para uma Maria Madalena ele mandou que ela fosse avisar aos seus discípulos e a Pedro que fossem para a Galiléia, que lá o veriam.
A aparição a Pedro não ocorrera na manhã do primeiro dia da semana quando Pedro foi ao sepulcro, e lá não viu a Jesus. A primeira aparição fora então ao outro Simão. A segunda aparição foi aos discípulos no caminho de Emaús; a terceira na praia, onde Pedro estava pescando com mais seis; e, outra, aos demais discípulos, na ocasião em que os dois que retornaram de Emaús estavam dando a notícia. Portanto o Simão a quem Jesus já havia aparecido era o outro Simão, e não o Simão Pedro.
E isso confirma o texto de João, onde diz:
Chegada, pois, a tarde naquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco. E, dizendo isto, mostrou-lhes as suas mãos e o lado. De sorte que os discípulos se alegraram, vendo o Senhor. Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco; assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós. E, havendo dito isto, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados lhes são perdoados; e àqueles a quem os retiverdes lhes são retidos. Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe, pois, os outros discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele disse-lhes: Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei. E oito dias depois estavam outra vez os seus discípulos dentro, e com eles Tomé. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e apresentou-se no meio, e disse: Paz seja convosco. Depois disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente. E Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu! Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram. Jo. 20:19-29.
Observemos o que sublinhamos no início do texto, a saber: “Chegada, pois, a tarde naquele dia, o primeiro da semana”.
Primeiramente queremos dizer que a tarde naquele dia, significa, nesse caso a noite depois do primeiro dia da semana, e não a noite do primeiro dia da semana. Porque a noite precede o dia. E a noite do primeiro dia da semana seria a noite para amanhecer o dia, parte clara. Então era a noite para amanhecer a parte clara da segunda-feira, e os reunidos eram discípulos e não obrigatoriamente apóstolos. Essa é a tradução da JUERP/Imprensa Bíblica Brasileira. Apesar de que outras traduções digam “daquele dia, e não naquele dia”.
Por conseguinte, a aparição aos discípulos, juntamente com os que contavam o ocorrido no caminho de Emaús, não pode ter-se dado na mesma noite do primeiro dia da semana, em seguida a ressurreição de Jesus, pelo seguinte:
Nessa noite eles estavam em Emaús. Apesar de logo terem retornado e achado os discípulos reunidos, a jornada era de um sábado. E como a aparição de Jesus a Pedro e João, e mais cinco, na praia, foi a terceira, e próximo a hora do jantar, então foi nessa mesma noite, a de segunda, ou seja, a noite para amanhecer o dia, parte clara de segunda feira, que Jesus apareceu a onze discípulos em Jerusalém.
Porque Pedro foi ao sepulcro na manhã do primeiro dia da semana, ao aviso de que o corpo de Jesus não se encontrava mais ali. Nessa mesma manhã Maria Madalena recebeu ordem do Senhor que avisasse a Pedro e os seus discípulos para irem para a Galiléia, que lá o veriam.
Outrossim, logo que os apóstolos receberam o recado do Senhor, eles se dirigiram para a Galiléia, veja:
E os onze discípulos partiram para a Galiléia, para o monte que Jesus lhes tinha designado. E, quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram. E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém. Mt. 28:16-20.
Essa aparição no monte não pode ter sido logo que chegaram à Galiléia, senão essa teria sido a terceira ocorrência, e não foi, segundo João, que diz que a terceira vez que ele se manifestou aos discípulos foi na praia, junto ao mar Tiberíades.
Por conseguinte o fato de Lucas dizer logo a seguir que ele lhes levou fora até Betânia, não quer isso dizer que esse fato ocorreu na mesma ocasião dessa aparição. Isso dizemos pelo seguinte fato:
Até ao dia em que foi recebido em cima, depois de ter dado mandamentos, pelo Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera; aos quais também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas, sendo visto por eles por espaço de quarenta dias, e falando das coisas concernentes ao reino de Deus. E, estando com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que (disse ele) de mim ouvistes. At. 1:2-4.
De tudo concluímos:
Que os discípulos e apóstolos formavam mais de um grupo. O dos apóstolos foi logo para a Galiléia, seguido de outros discípulos. Enquanto isso ficaram outros em Jerusalém. Isso concluímos porque apesar de os onze discípulos, que se percebe serem os apóstolos, terem ido logo para a Galiléia, Jesus apareceu a onze que estavam em Jerusalém, aos quais aqueles a quem Jesus apareceu no caminho de Emaús estavam contando o ocorrido com eles. A eles Jesus não censurou. Tansomente lhes mostrou as mãos e os pés.
Em outra ocasião, e possivelmente a outros discípulos, é que Jesus, ao se fazer presente no meio deles, lhes lançou em rosto a dureza de coração por não haverem crido naqueles que já o tinham visto. Isso inferimos da expressão “não terem crido naqueles que o haviam visto”. E que era não somente Maria Madalena, mas os do caminho de Emaús, e aqueles que foram avisados pelos mesmos, e a quem Jesus apareceu na ocasião.
Como Jesus tinha muitos discípulos, dos quais separou a doze e que os nomeou de apóstolos, ficava difícil se reunirem todos numa só casa. Isso chamaria a atenção das autoridades e da própria vizinhança, o que seria inseguro e até perigoso para eles, que estavam temendo a ação dos judeus.
Por conseguinte, há necessidade de analisar o texto escrito por Paulo em sua primeira epístola aos Coríntios, na qual escreveu:
Porque primeiramente vos entreguei o que recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras; que foi sepultado; que foi ressuscitado ao terceiro dia, segundo as Escrituras; que apareceu a Cefas, e depois aos doze; depois apareceu a mais de quinhentos irmãos duma vez, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormiram; depois apareceu a Tiago, então a todos os apóstolos; e por derradeiro de todos apareceu também a mim, como a um abortivo. I Co. 15:3-8.
Esse texto diz que Jesus apareceu duas vezes aos apóstolos. Pois diz que apareceu aos doze, e depois diz que apareceu a Tiago, então a todos os apóstolos.
As referências ao versículo cinco, onde diz que apareceu a Cefas, leva-nos a Lc. 24:34; Mt. 28:16 e 17, e Mc. 16:14. Vamos transcrevê-los e analisá-los.
Para melhor entendermos o texto de Lucas, temos que retroagir ao versículo treze, que diz:
Nesse mesmo dia, iam dois deles para uma aldeia chamada Emaús, que distava de Jerusalém sessenta estádios; e iam comentando entre si tudo aquilo que havia sucedido. Enquanto assim comentavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou, e ia com eles; mas os olhos deles estavam como que fechados, de sorte que não o reconheceram. Então ele lhes perguntou: Que palavras são essas que, caminhando, trocais entre vós? Eles então pararam tristes. E um deles, chamado Cleopas, respondeu-lhe: És tu o único peregrino em Jerusalém que não soube das coisas que nela têm sucedido nestes dias? Ao que ele lhes perguntou: Quais? Disseram-lhe: As que dizem respeito a Jesus, o nazareno, que foi profeta, poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo; e como os principais sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para ser condenado à morte, e o crucificaram. Verdade é, também, que algumas mulheres do nosso meio nos encheram de espanto; pois foram de madrugada ao sepulcro e, não achando o corpo dele, voltaram, declarando que tinham tido uma visão de anjos que diziam estar ele vivo. Além disso, alguns dos que estavam conosco foram ao sepulcro, e acharam ser assim como as mulheres haviam dito; a ele, porém, não o viram. Então ele lhes disse: Ó néscios, e tardos de coração para crerdes tudo o que os profetas disseram! Porventura não importava que o Cristo padecesse essas coisas e entrasse na sua glória? E começando por Moisés, e por todos os profetas, explicou-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras. Quando se aproximaram da aldeia para onde iam, ele fez como quem ia para mais longe. Eles, porém, o constrangeram, dizendo: Fica conosco; porque é tarde, e já declinou o dia. E entrou para ficar com eles. Estando com eles à mesa, tomou o pão e o abençoou; e, partindo-o, lho dava. Abriram-se-lhes então os olhos, e o reconheceram; nisto ele desapareceu de diante deles. E disseram um para o outro: Porventura não se nos abrasava o coração, quando pelo caminho nos falava, e quando nos abria as Escrituras? E na mesma hora levantaram-se e voltaram para Jerusalém, e encontraram reunidos os doze e os que estavam com eles, os quais diziam: Realmente o Senhor ressurgiu, e apareceu a Simão. Então os dois contaram o que acontecera no caminho, e como se lhes fizera conhecer no partir do pão. Lc. 24:13-34.
Mateus diz:
Partiram, pois, os onze discípulos para a Galiléia, para o monte que Jesus lhes designara. Quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram. Mt. 28:16 e 17.
E Marcos registrou:
Por último, então, apareceu aos onze, estando, eles reclinados à mesa, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem dado credito aos que o tinham visto já ressuscitado. Mc. 16:14.
Ora, quando Jesus ressuscitou, não havia mais os doze apóstolos, já que Judas havia se extraviado. Se esses eram apóstolos, eram somente onze; sendo discípulos, poderiam ser doze; mas, nesse caso, o que sublinhamos no texto em questão, da epístola aos Coríntios, deveria ser: “a doze” e não “aos doze”.
O texto onde diz “então a todos os apóstolos”, já leva a conclusão de que o texto “e depois aos doze” não está correto. Pois ele encerra a idéia de que Jesus só apareceu a todos os apóstolos depois das aparições enumeradas anteriormente.
O “a” é preposição, significando que ele apareceu para doze, enquanto que “aos” é contração da preposição “a” com o artigo definido “os”, significando que Jesus apareceu para os doze, dando a entender que ele apareceu aos apóstolos, que eram em número de doze antes que Judas se extraviasse.
Não devemos esquecer do que diz o Senhor por um profeta: “Que a pena do falso escriba transtornou a sua palavra”. Jr. 8:8.
Se os falsos escribas transtornam as palavras do Senhor, que, em essência, significam os seus mandamentos, dos quais existem provas de folga de que estão em vigor, pois que são eternos, quanto mais as outras escrituras!
Por conseguinte, os primeiros homens a traduzirem as Sagradas Escrituras não eram homens de Deus, como os setenta e três homens sábios que as traduziram-na para o grego, cuja versão é conhecida como septuaginta. Ainda hoje muitos dos homens que fazem os trabalhos de traduções para as diversas línguas e dialetos, bem como as diversas versões, não guardam com integridade os mandamentos da lei de Deus, razão porque lhes falta sabedoria para a obra que realizam, e acabam por fazer a muitos tropeçarem. Em outra obra codificada por nós, e intitulada “Quem errou, Deus ou os homens?”, mostramos alguns erros constantes na Sagrada Escritura. E já temos descoberto, ou melhor, o Espírito Santo nos tem aberto os olhos para vermos outros mais, ocasionados por imperícia dos escribas. Como ensina Deus por Salomão, a primeira condição para se alcançar a verdadeira sabedoria é guardar os mandamentos de Deus. Pv. 2:1. Mesmo alguns que estão em igrejas que têm os mandamentos de Deus, não os guardam com integridade, devido não discernir, não sabendo como fazê-lo. Muitas pessoas que se dizem guardadoras do sábado, o profana por ignorância. É que não devemos acender fogo em nossas habitações nesse dia, o que alguns o fazem alegando que no passado isso era proibido devido a tarefa ser trabalhosa. Mas as Escrituram dizem que Deus não muda. Dentro desse conceito atual, para quem tem fogão à gás é possível acende-lo no sábado, enquanto para quem mora em regiões onde não haja fogão a gás, ou mesmo nas cidades onde alguns não têm condições de ter fogão a gás, como em cidades muito pobres, não é possível. Assim, a observância dos mandamentos dependeria das circunstâncias. Mas o apóstolo Paulo, pelo Espírito, diz:
Quem nos separará do amor de Deus? E cita entre outras coisas a fome. E afirma que nada nos pode afastar do amor de Deus que está em Cristo Jesus. E esse amor não é outro senão aquele do qual o Espírito Santo diz por João: “Porque o amor de Deus é este: que guardemos os seus mandamentos. E os seus mandamentos não são pesados”.I Jo. 5:3.
Leia também a parte I em http://www.recantodasletras.com.br/artigos/3599636
Leia também parte a parte III em http://www.recantodasletras.com.br/artigos/3599638
Oli Prestes
Missionário
oliprest
Enviado por oliprest em 23/04/2011
Alterado em 08/04/2023