Quase todos têm uma história sobre um amigo a quem recorreram em alguma dificuldade. Mas um amigo que exigiu tudo dele em certa situação… Parece até coisa de não amigo.

         Sei de um homem que tinha um grande amigo, que o favoreceu com riquezas e bens e, cumprindo o desejo do coração do amigo, deu-lhe também um herdeiro, mas de quem exigiu grande prova de gratidão, pedindo esse mesmo herdeiro em sacrifício.

         Era ele de quase cem anos quando o seu amigo lhe disse: "no próximo ano, por esse tempo, virei a ti, e a tua mulher conceberá e terá um filho." Sua esposa, que escutava a conversa entre amigos, se riu. Seu riso foi apenas íntimo. Então disse o amigo: "porque tua mulher se riu? E ela, por temor, disse: não me ri. E o amigo disse: não é assim, porque te riste". Ele é onisciente.

         Conforme o previsto, o menino nasceu, cresceu, e, quando já moço, veio novamente o amigo e disse: oferece-me teu filho, teu único filho, em sacrifício em Moriá, num dos montes que te mostrarei. Se preparou ele então e seus servos, e empreenderam a viagem ao local determinado, cuja distância era de três dias de viagem. Àquela época, aquela região era inóspita, e a provisão para o sacrifício tinha que ser feita ao início dela: lenha, fogo, etc. E assim foi feito. Mas ainda que ele conhecesse o lugar, que tinha vários montes, não sabia em qual deles deveria oferecer o sacrifício. Isso seria mostrado quando ele chegasse próximo deles, quem sabe quando ele chegasse lá.

         Em dado momento o objeto do sacrifício, seu filho, voltou-se para o pai e perguntou: “pai, fogo e a lenha estou vendo que trouxemos, mas o cordeiro do holocausto (sacrifício), onde está?” Ao que seu pai sabiamente lhe responde: “meu filho, Deus pra si cordeiro proverá”.

         Ninguém toma como amigo para si alguém ao acaso. É preciso que prove a alguém que quer tomar como amigo, a fim de poder depositar sua confiança nele. Tem que ser alguém de conduta ilibada, íntegro, sincero, inevitavelmente fiel, etc.

         Aquele amigo sabia que o seu amigo era assim. Entretanto, por causa da posteridade, precisava do testemunho para que pudesse ficar para a geração vindoura. Mas o amigo não lhe disse que era por essa razão, apenas expediu a ordem. E ele, o outro amigo, que confiava no amigo, pois sabia que ele era justo e, também onipotente, confiou na atitude do amigo e foi cumprir a sua ordem. Estava, em verdade,  buscando-o; fazendo conforme a Sua vontade, a fim de continuar gozando da Sua confiança.

         Chegando ao monte, preparou o altar, arrumou a lenha e tomou a seu filho que havia amarrado, e quando ia para imolá-lo  o anjo do Senhor bradou-lhe desde os céus: “Abrão não estendas a tua mão ao moço, porquanto agora sei que temes a Deus”.

         Nesse ínterim Abraão viu um cordeiro preso na vegetação próxima. Tomou-o e oferece-o em sacrifício ao Seu amigo.

         “Então o Anjo do Senhor bradou a Abraão pela Segunda vez desde os céus, e disse: "por mim mesmo, jurei, diz o Senhor: porquanto fizeste esta ação, e não me negaste o teu filho, o teu único, que deveras te abençoarei, e grandississimamente multiplicarei a tua semente como as estrelas dos céus, e como a areia que está na praia do mar; e a tua semente possuirá a porta dos seus inimigos. E em tua semente serão benditas todas as nações da terra; porquanto obedeceste a minha voz.” Gn. 22:15-18.

         Não é sem razão que Abraão é chamado o pai dos crentes. Também é chamado de amigo de Deus. Is. 41:8.

         Nós, também, podemos ser amigos de Deus. Para isso é mister que façamos o que disse Jesus: “Vós sereis meus amigos se fizerdes o que vos mando.” Jo. 15:14.

         Busque saber o que Ele mandou fazer, a fim de encontrar esse amigo. Faça a Sua vontade e você será seu amigo. Pois Ele já deu provas de que lhe ama, quando deu a Sua vida por você. E disse: “Não há maior amor que esse: alguém dar a sua vida pelo seu amigo.” Jo. 15:13.

Oli Prestes
Missionário