ETERNA SEGURANÇA
Hoje existe quem use o salmo 91 como “reza mágica” ou amuleto, pretendendo segurança e proteção, como se as palavras ali contidas pudessem realizar naquele que o recita aquilo que lá cita, independentemente de obediência às condições ali mencionadas.
Vamos analisá-lo e ver o que é requerido para segurança de quem pretende estar à sombra do Altíssimo. Por isso, vamos primeiramente transcrevê-lo, para conferir passo à passo o que ali consta.
“Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará. Direi do Senhor: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e nele confiarei. Porque ele te livrará do laço do passarinheiro, e da peste perniciosa. Ele te cobrirá com as suas penas, e debaixo das suas asas te confiarás; a sua verdade será o teu escudo e broquel. Não terás medo do terror de noite nem da seta que voa de dia, nem da peste que anda na escuridão, nem da mortandade que assola ao meio-dia. Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas não chegará a ti. Somente com os teus olhos contemplarás, e verás a recompensa dos ímpios. Porque tu, ó Senhor, és o meu refúgio. No Altíssimo fizeste a tua habitação. Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda. Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão nas suas mãos, para que não tropeces com o teu pé em pedra. Pisarás o leão e a cobra; calcarás aos pés o filho do leão e a serpente. Porquanto tão encarecidamente me amou, também eu o livrarei; pô-lo-ei em retiro alto, porque conheceu o meu nome. Ele me invocará, e eu lhe responderei; estarei com ele na angústia; dela o retirarei, e o glorificarei. Farta-lo-ei com longura de dias, e lhe mostrarei a minha salvação.” Sl. 91:1-16.
Esse salmo é profético, pois os versos 11 e 12 foram usados por Satanás para tentar a Jesus quando este esteve jejuando por quarenta dias, veja:
“Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome; e, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães. Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus. Então o diabo o transportou à cidade santa, e colocou-o sobre o pináculo do templo, e disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Que aos seus anjos dará ordens a teu respeito, e tomar-te-ão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra”. Mt. 4:1-6.
Satanás utilizou-se do que havia sido inspirado ao salmista, e que dizia de alguém que vivia em certas condições de obediência, e que foram espertamente identificadas por Satanás como referindo-se ao Filho de Deus. Mas Jesus resistiu-o usando outra citação bíblica, veja:
“Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.” Mt. 4:4.
Satanás não se deu por vencido, e voltou a insistir no assédio a Jesus, veja:
“Novamente o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles. E disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares.” Mt. 4:8 e 9.
No final do verso quatro, diz: “A sua verdade é o teu escudo e broquel”.
A verdade é a lei de Deus, veja:
“A tua lei é a verdade”. Sl. 119:142, ú.parte.
O escudo ali citado é a parte da armadura de Deus, e o broquel é o treinamento para militar. E Jesus tanto praticava a verdade, ou seja, guardava os mandamentos do Pai, como usou habilidosamente as armas com as quais ele fora treinado e habilitado para a guerra espiritual que lhe impôs o arquiinimigo dos homens. E como Jesus estava como homem neste mundo, também esteve sujeito a ser tentado, ainda que não sujeito à tentação, ou seja, não tinha que obrigatoriamente cair em tentação para conhecer que o mal é o pecado.
Como Jesus vivia em obediência às palavras do Pai, então ele não somente não estava sujeito aos males referidos nos versos 5 a 8, como ele não podia temê-los. Quem tem medo não está aperfeiçoado no amor. I Jo. 4:18. Então Ele estava.
Uma tradução do verso nove, diz:
“Porque fizeste do Senhor teu refúgio, e do altíssimo tua habitação.”
Apesar das divergências existentes entre os textos das diversas traduções e versões, numa coisa todas estão de acordo: em que o Senhor é que dá ou que é refúgio.
Mas que significa isso? Quem ou que é o senhor do qual fala essa escritura?
Bem, diz uma escritura que há um só Senhor, e, outra, que Cristo é o senhor de todos. Mas como a escritura do Salmo 91 refere-se a Jesus, então ele também estava sujeito a um Senhor. Para que possamos saber que ou quem é esse Senhor, precisamos ir mais à fundo e inquirir das Escrituras o seu significado, “pois que elas são divinamente inspiradas para ensinar, para redargüir, para corrigir na justiça, para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente habilitado para toda a boa obra”. II Tm. 3:16.
No final do verso quatorze do Salmo 91, diz: “Eu o protegerei porque ele conheceu o meu nome.” Que nome é o que Jesus conheceu? Jeová? O qual é um dos nomes de Deus?
Como já discorremos sobre isso, recomendamos a leitura dos subtítulos “Um nome sobre todo nome” e “Quem é o Senhor”, do trabalho que codificamos com o nome “A Lei Perfeita”. Nesse trabalho o leitor verá que o nome ali não refere-se a uma palavra designativa de uma pessoa, mas a lei de Deus, que é o seu nome, ou a sua fama, o seu senhorio, o seu domínio, e, conseqüentemente, o seu poder. Prova disso é que na oração intercessória de Jesus por seus discípulos, ele pediu ao Pai o seguinte:
“Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste; eram teus, e tu mos deste, e guardaram a tua palavra. E eu já não estou mais no mundo, mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós. Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse. E eu lhes fiz conhecer o teu nome, e lho farei conhecer mais, para que o amor com que me tens amado esteja neles, e eu neles esteja.” Jo. 17:6, 11, 12 e 26.
Ora, sendo os discípulos Judeus, eles sabiam os nomes de Deus, os quais constavam nas Escrituras, mas eles não tinham plena consciência de que a Lei de Deus era a vida eterna. E foi ela que Jesus manifestou a eles. Pois, apesar, de eles terem a lei de Deus, eles pretendiam ser justos pela lei de Moisés. E várias são as provas de que os judeus eram rigorosos quanto a lei de Moisés, mas que não guardavam a lei de Deus, veja:
“Disseram-lhe, pois: Onde está teu Pai? Jesus respondeu: Não me conheceis a mim, nem a meu Pai; se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai.” Jo 8:19. Veja como o conhecemos:
“E nisto sabemos que o conhecemos: se guardarmos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade.” I Jo. 2:3 e 4.
Em outra ocasião, disse Jesus:
“Mas, porque vos digo a verdade, não me credes. Quem dentre vós me convence de pecado? E se vos digo a verdade, por que não credes?” Jo. 8:45 e 46.
Veja que é a verdade:
“A tua justiça é uma justiça eterna, e a tua lei é a verdade.” Sl.119:142.
E mais:
“Mas bem vos conheço, que não tendes em vós o amor de Deus.” Jo. 5:42.
“Porque o amor de Deus é esse: Que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são pesados.” I Jo. 5:3.
Por essas ocorrências vimos que, apesar do rigor para com a lei de Moisés, os judeus não observavam a Lei de Deus. E os discípulos já que judeus e seguindo o que os sacerdotes ensinavam, também não eram observadores da lei Deus, veja:
“Jesus falou assim e, levantando seus olhos ao céu, disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que também o teu Filho te glorifique a ti; assim como lhe deste poder sobre toda a carne, para que dê a vida eterna a todos quantos lhe deste. E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste. Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer. E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse. Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste; eram teus, e tu mos deste, e guardaram a tua palavra. Agora já têm conhecido que tudo quanto me deste provém de ti; porque lhes dei as palavras que tu me deste; e eles as receberam, e têm verdadeiramente conhecido que saí de ti, e creram que me enviaste. Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus. E todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas; e nisso sou glorificado. E eu já não estou mais no mundo, mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós. Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse. Mas agora vou para ti, e digo isto no mundo, para que tenham a minha alegria completa em si mesmos. Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. Não são do mundo, como eu do mundo não sou. Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. E por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade. E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela tua palavra hão de crer em mim; para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um. Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens amado a eles como me tens amado a mim. Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste; porque tu me amaste antes da fundação do mundo. Pai justo, o mundo não te conheceu; mas eu te conheci, e estes conheceram que tu me enviaste a mim. E eu lhes fiz conhecer o teu nome, e lho farei conhecer mais, para que o amor com que me tens amado esteja neles, e eu neles esteja.” Jo. 17:1-26.
As partes sublinhadas dizem de uma só coisa, a lei de Deus, veja:
(“para que dê a vida eterna a todos quantos lhe deste”).
“E sei que o seu mandamento é a vida eterna. Portanto, o que eu falo, falo-o como o Pai mo tem dito.” Jo. 12:50.
“E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” Jo. 17:3.
“E nisto sabemos que o conhecemos: se guardarmos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade.” I Jo. 2:3.
“Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste; eram teus, e tu mos deste, e guardaram a tua palavra”. Jo. 17:6.
A parte final do versículo elucida o que é o nome: a palavra de Deus, mas que é esta? As Escrituras? Veja:
“A tua palavra é a verdade desde o princípio, e cada um dos teus juízos dura para sempre.” Sl. 119:160.
“A tua justiça é uma justiça eterna, e a tua lei é a verdade.” Sl. 119:142.
E já que o versículo inicia dizendo que a justiça de Deus é eterna, saibamos que significa essa justiça:
“A minha língua falará da tua palavra, pois todos os teus mandamentos são a justiça.” Sl. 119:172.
Como já fizemos referencia as outras partes sublinhadas, vamos elucidar a última.
(e eu neles esteja).
“Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim. Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem. Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito. Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos. Como o Pai me amou, também eu vos amei a vós; permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor.” Jo. 15:4-10.
No verso 14 do salmo 91, diz:
“Porquanto tão encarecidamente me amou, também eu o livrarei.”
E como foi que ele amou o Pai? Nisso veja:
“Permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor.” Jo. 15:9 e 10.
“E aquele que guarda os seus mandamentos nele está, e ele nele.” I Jo. 3:24, p. parte.
Como vimos, tudo está condicionado a guarda dos mandamentos de Deus. E Jesus os santificava, e deu-os aos seus discípulos, para que eles fossem santificados por eles, veja:
“Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade. E por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade.” Jo. 17:17 e 19.
E não só eles, mas a todos quantos virem a crer pela sua palavra, veja:
E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela tua palavra hão de crer em mim. Jo. 17:20.
Apesar de aquele salmo referir-se a Jesus, ele é extensivo a todos que estão submissos às condições ali mencionadas, que são co-herdeiros com Jesus, veja:
“Como o Pai me amou, também eu vos amei a vós; permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor.” Jo. 15:9 e 10.
“Se me amardes, guardareis os meus mandamentos.” Jo. 14:15.
“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele.” Jo. 14:21.
Portanto, aqui concluímos o mistério da segurança e proteção manifesta no salmo 91. Quem pretender ficar abrigado à sombra do Altíssimo, deve obrigatoriamente se sujeitar as condições impostas para isso, sem o que jamais poderá usufruir dos benefícios ali mencionados. E será tido por fraudulento, por pretender usurpar o que não lhe é devido, ou a que não tem direito, por não ser filho, nem mesmo servo.
Pois para isso existe condição.
Este trabalho foi esboçado quando eu viajava no Rio Amazonas entre as cidades de Oriximiná, no Estado do Pará e a cidade de Manaus capital do Amazonas - Brasil, e teve como motivo o fato de eu ter visto o salmo 91 escrito numa parede do referido barco, como se fosse um amuleto para proteger o seu proprietário ou dirigente. E como eu já tinha ouvido ele ser recitado muitas vezes por pessoas que pretendiam obter proteção pelo simples fato de recitá-lo, então eu fui movido a discorrer sobre ele para manifestar que existe condição para que ele possa cumprir-se na vida daquele que o invocar. E que a palavra de Deus só pode agir como escudo naquele que observa a sua palavra. Caso contrário, quem isso pretender, estará como falsário que, de posse de um cartão de Banco, cujo cartão não lhe pertence, quer usufruir do que pertence ao proprietário do Bank Card.
Rio Amazonas - B/M “Yate Pinheiro” 03.05.2003.
oliprest
Enviado por oliprest em 22/05/2011