Ele entrou em sua vida
Devagar quase parando
Pela ansiedade do dia-a-dia
E você foi se acostumando

Dizia você: é por esporte
Não é nada sério
Quase lhe causou a morte
Sem ele, dizes: me desespero

Dizes: não é uma paixão
Mas viver sem ele
Que lhe acelera o coração
Você já não consegue

Ele até na sua cama
É motivo de insônia
Você pega dele e não o chama
Maltrata-lhe o sem vergonha

Sabes que é ele que faz isto
Emagrece-lhe e lhe tira a memória
E você diz: eu não consigo
Vou lhe deixar qualquer hora

Ele pesa no seu orçamento
Mas pro "leão" ele é ignorado
Será que no seu pensamento
Ele é mesmo um mal necessário?

Ele estando ou não com você
Seu rosto o denuncia
Pois tem deixado se ver
Marcas em demasia

Lendo de outros o exemplo
Dos seus fins, você se impressionou
Disse até mesmo: chegou o tempo
De parar, mas não parou

Eu que lhe tenho amado
Por ele me tens preterido
Ele que lhe tem maltratado
Você o tem como amigo

Não se engane, ele é cruel
Dá prazer e emoção
Mas o seu fim é como fel
Vendo, corta o coração

Mata pouco a pouco
Às vezes, bem depressa
Mas você fica como louco
Se por umas horas ele lhe falta

Ele é fruto e não fruta
Ele é intruso e não trabalha
Você é quem luta
Ele só atrapalha

Ele é um amado exigente
Exige o que você não tem
Mata rico e indigente
Deixa a todos sem vintém

Ele não é vida
Dentro dele sangue não corre
Pra viver dele não se precisa
Quem dele não usa também morre

Ele também tira a vergonha
E faz até mendigar
Sujeita a catar bagana
Pra poder lhe aspirar

Ele queima e incendeia
Mata e destrói
Seja cidade ou floresta
De nada se condói

Ele tem muitos nomes
Charuto, cachimbo e cigarro
Fachadas, não se engane
Queimam a mesma droga: tabaco!