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UM ROSTO NA MULTIDÃO
Não sei exatamente porque quando buscamos alguém para amar buscamos não o perfil que dizemos querer, mas um rosto que nos agrade, juntamente com traços físicos que corroborem com os traços fisionômicos, além da idade. E ainda que digamos: qualquer idade, qualquer peso, qualquer altura, isso não pode ser verdade. Pois jamais quereríamos uma criança, ou uma pessoa senil centenária.  Existe um quê de mistério no que buscamos, do mesmo modo que existe um quê de mistério naquilo que, quando vemos, nos atrai. Que será?

Sempre queremos unir o que achamos útil com aquilo que também julgamos agradável e necessário. Se o rosto agrada, analisamos o perfil. Sendo este aceito segundo as características fisionômicas, passamos então ao perfil psicossocial. Além desses, análisa-se outras características tanto no aspecto da aparência quanto no comportamental, como:  gostos, aptidões, hobbies, etc. Mas existem algumas características que podem ser preponderantes ou que podem prevalecer sobre outras e até torna-las irrelevantes. Se a pessoa que se busca tem títulos, graduações, formação superior. Se é solteiro e nunca casou; se não tem filhos; se não deseja filhos; se tem boa condição econômico-financeira, e por ai vai. Isso nem sempre ou não obrigatoriamente nessa ordem.

Parece verdade que achamos que queremos, mas não conseguimos conciliar com o que desejamos. Assim, podemos ter nossos desejos e pretensões frustrados quando não conseguimos ter nosso objetivo atingido. Mas alguns menos exigentes e conscientes de que isso é utópico se resignam com a realidade, para não acabarem os seus dias sem alguém com quem dividir a escova de dentes, já que a dentadura não dá para dividir.

Mas existe característica fundamental para uma relação marital, a qual nunca é manifesta. Não vemos alguém exigir: que seja viril, com capacidade de satisfazer um parceiro(a) que tenha uma libido forte, ou seja, é bem ativo(a) sexualmente; que tenha (no caso de homem) órgão com tal medida... Ou será que isso é realmente irrelevante para todas? Por que existe omissão quanto a isso? E depois dos papeis passados, contratos assumidos, juras feitas?

O que é pior a fome ou o desejo de comer? Com certeza que a fome. Pois alguém pode querer mais do que precisa. Mas para uns uma coisa se iguala a outra quando não sabe a diferença entre elas. Para quem não sabe o que quer qualquer coisa serve. Também, para quem não sabe onde quer chegar, não importa o caminho a seguir.

Eu gostaria de fazer uma pesquisa sobre desejo e satisfação, vontade e realização, conquista e felicidade. É possível que o resultado não desse em nada, já que não existe sinceridade nas declarações, nas afirmações, nas propostas, etc.

Alguém disse que “o homem é feliz a medida que é virtuoso”. Mas que vem a ser isso? Enquanto a vista busca um rosto na multidão, o coração busca um traço indelével no perfil; coisas que os olhos não veem ou que podem estar ocultas ao órgão da visão. Será por isso que dizem que “o amor é cego”, ou que "o coração tem razões que a própria razão desconhece"?
oliprest
Enviado por oliprest em 07/07/2011
Alterado em 09/08/2011


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Imagem de cabeçalho: raneko/flickr