MARIA OU SARA?
A figura da mãe tem estado presente na humanidade desde a criação. Não obstante, tem recebido tratamento estereotipado por muitos que a vem segundo conceitos humanos e procriador. Fala-se, por exemplo, que o amor de mãe é o maior que existe; que ela é a rainha do lar; que é o símbolo da bondade e da paciência, etc.
Segundo as Escrituras Sagradas, cânon sagrado para os autênticos cristãos, a figura da mulher aparece sempre em posição secundária nunca primária. Desde a criação do primeiro casal já foi assim: Deus fez primeiro o homem e depois a mulher, e esta daquele. Talvez devido a natureza mais frágil da mulher, os homens passaram a tê-la como um símbolo onde se concentra o amor, a meiguice e a bondade.
Contudo não podemos pactuar desse ponto de vista, por não acharmos suporte bíblico para sustentá-lo.
Quando as Escrituras revelam a intenção de Deus quanto a criação da mulher, diz que Ele faria uma coadjutora idônea para Adão. Não obstante, a mesma Escritura diz que não foi Adão que foi enganado, mas que a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão. I Tm. 2:14.
A mulher, via de regra, é mais emotiva e se deixa levar por sentimentos humanos, do coração, os quais tem sido considerados positivos por aqueles que pensam ser sentimentos autênticos e justos.
A natureza feminina foi feita para atingir um fim. E esse fim não tem sido alcançado plenamente devido o desconhecimento da sua própria natureza. Cremos que se Deus tivesse feito o homem para matriz, teria lhe dado a natureza dócil e sensível. Não obstante a valorização da mulher por parte de Deus e do homem, Ele, por ter lhe dado um direito que tem sido só seu – de abrigar em seu ventre uma nova pessoa -, e o homem por aceitar essa condição, a própria mulher tem se desvalorizado e assumido postura incorreta em relação ao objetivo traçado para ela.
Desde tempos antigos já a mulher tem praticado atos que me faz suspeitar não ser o seu sentimento uma coisa não dissociável da sua natureza como mulher.
Mesmo no meio do povo de Israel, povo constituído por Deus como povo seu, houve casos de canibalismo, fato previsto por Deus como consequência da transgressão dos seus estatutos, preceitos e mandamentos. Dt. 28:53-58; II Re. 6:28 e 29. Como lá vemos, as próprias mães comeram seus filhos, coisa que nem no meio de povos pagãos se vê.
Apesar do progresso das civilizações, ainda hoje as mães praticam atrocidades contra seus filhos. Ainda que não seja comum comerem seus filhos, é comum cometerem o infanticídio e o aborto. Muitas há que têm vindo à público reivindicar direitos sobre a prática deste, se colocando acima da lei e abaixo dos animais.
Quando Jesus esteve na condição humana neste mundo, Maria, sua genitora, O reprovou por não lhes ter acompanhado no retorno à cidade onde residiam, tendo Ele dito: Por quê é que me procuráveis? Não sabeis que me convém tratar dos negócios do meu Pai? Lc. 2:49. Apesar de ter somente doze anos de idade, quando ainda um jovem deve ser submisso a seus pais, Ele mostrou a Sua autoridade como Deus encarnado, e retrucou à reprovação de sua mãe.
Nas bodas de Caná da Galiléia, onde estava Maria, Jesus e Seus discípulos, faltou vinho, e ela foi até Jesus, cremos que movida pelo Espírito, e lhe fez saber do que se passava, ainda que isso não fosse necessário, tendo Jesus lhe dito: “Mulher, que tenho eu contigo? ainda não é chegada a minha hora.” Jo. 2:1-4.
Apesar de já ser adulto, exercendo seu ministério, pois havia escolhido os seus discípulos cuja presença é registrada naquele livro, tratou a Maria ao nível devido e genérico de mulher. Ele era Deus encarnado, ela mulher, serva e santa (separada).
Em outra ocasião, quando Ele falava á multidão, alguém anunciou que Maria e seus parentes queriam falar-lhe, ao que Ele disse: “Quem é minha mãe? E quem são meus irmãos?” E, estendendo a sua mão para os seus discípulos, disse: “Eis aqui minha mãe e meus irmãos. Porque, qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, e irmã e mãe.” Mt. 12:46-50.
Constatamos nesse episódio que Jesus aproveitou a oportunidade para revelar quem pertence a família espiritual ou divina, colocando esta em posição superior a família terrena e humana.
Maria foi uma santa mulher, vaso usado por Deus para Jesus se manifestar ao mundo, assim como poderia ter sido Isabel ou outra santa. Não obstante, ela não adquiriu por isso poderes inerentes à Deus, nem foi por este constituída intercessora pelos homens, direito outorgado somente à Jesus. Veja:
"E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens pelo qual devamos ser salvos." At. 4:12.
Outrossim, os cristãos também tem uma mãe. Esta, segundo a Escritura, era esposa do nosso pai na fé, Abraão, veja:
“Olhai para Abraão vosso pai, e para Sara, que vos deu a luz; porque sendo ele só, eu o chamei e o abençoei.” Is. 51:2.
Talvez alguém objete que essa citação se refere ao povo de Israel nominal. Por isso então vamos recorrer ao que os homens convencionaram chamar de novo testamento para confirmarmos o que dizemos.
“Semelhantemente, vós, mulheres sede sujeitas aos vossos próprios maridos; para que também, se alguns não obedecem à palavra, pelo porte de suas mulheres sejam ganhos sem palavra; considerando a vossa vida casta, em temor. O enfeite delas não seja o exterior, no frisado dos cabelos, no uso de jóias de ouro, na compostura de vestidos; mas o homem encoberto no coração; no incorruptível trajo de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus. Porque assim se adornavam também antigamente as santas mulheres que esperavam em Deus, e estavam sujeitas aos seus próprios maridos; como Sara obedecia a Abraão, chamando-lhe senhor; da qual vós sois filhas, fazendo o bem, e não temendo nenhum espanto. I Pe. 3:1-6.
É lógico que se Abraão é o nosso pai na fé, então somos filhos de Sara, mulher de Abraão, pois a Bíblia não se contradiz.
Por conseguinte, assim como Maria, Sara, Isabel, Raquel, e todos os cristãos do passado, nós também devemos ser santos. Afinal disse Jesus: “Sede santos como Eu Sou Santo.”
Oli Prestes
Missionário
oliprest
Enviado por oliprest em 05/05/2012
Alterado em 03/03/2018