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CEVANDO EM TEMPO DE MATANÇA
CEVANDO EM TEMPO DE MATANÇA

Bem, cevar significa engordar. Então esse título reporta-se a pessoas que estão engordando enquanto muitos estão morrendo. E quais são eles, os que estão cevando?

Esse texto do apóstolo Tiago é bem apropriado para o momento em que vivemos. Para quem nasceu depois da segunda grande guerra mundial e viveu os anos que seguiram a ela, sabe que aqueles foram dias difíceis. Naquela ocasião não havia as redes de supermercados, nem as cidades eram devidamente abastecidas com víveres e alimentos congelados como hoje, bem como também não havia as granjas indústrias e nem grandes produções de indústrias de transformações ao estilo de hoje. Não havia óleo de soja, e a população brasileira consumia óleo de caroço de algodão produzido por indústrias processadoras como a Sambra do Nordeste. Esse óleo era uma opção para fritura, mas altamente agressivo ao organismo humano. Dava cólica intestinal e sabe lá mais o quê.

Pois bem. Hoje os dias são outros. Há abundância de tudo, até de dinheiro. Até a década de setenta não havia crédito fácil, muito menos cheque especial e cartão de crédito à moda de hoje. Então as aquisições eram feitas em dinheiro ou cheque, ou na forma de crediário concedido pelas lojas, como  “Casas Pernambucanas”, e  “Mesbla”, etc. Além disso havia as cadernetas de “fiado” nas mercearias dos bairros, mas alguns não usufruíam dessa modalidade de crédito por não terem ganho certo, já que não eram empregados assalariados.
Outrossim, as cidades eram mal servidas com energia elétrica e água encanada, notadamente os bairros periféricos das grandes cidades, sem contar que as pequenas cidades, principalmente do norte e nordeste do país, não possuíam esse serviço. Esgoto sanitário não era nem cogitado, e toda casa tinha a sua “privada”, um buraco cavado na terra, já que o sistema de fossa biológica nem era comum. O sistema de saúde era precário, com um posto médico em cada bairro, sem contar que nesses postos não era realizado serviços de socorros e atendimento de emergência, mas tão somente de aplicação de injeções, muitas delas receitadas pelas próprias enfermeiras.

Houve uma campanha chamada de “Alimentos para a paz”, que doava alimentos básicos como leite em pó, trigo e gorgulho, um cereal, doados pela Organização das Nações Unidas, mas monopolizados pela Igreja Católica. Assim os chamados de “crentes” eram excluídos ou pouco favorecidos por esses alimentos nas pequenas cidades onde todos se conheciam.

Não havia regularidade na matança de gado vacum, e chegava a ser feito filas nos mercados no dia em que uma ou mais rezes eram abatidas. A matança de porcos era feita junto aos mercados, e até de gado vacum e bubalino.

As famílias produziam carneiros, porcos,  galinhas e patos para o seu próprio consumo e também para vender. Leite longa vida não existia, e o leite líquido era fornecido para um grupo seleto de pessoas que podiam pagar por ele, e vinha das “vacarias” de portugueses, os quais eram também donos das padarias locais.

Muitas pessoas viviam de subempregos, como empregado doméstico, lavadeiras, passadeiras, sapateiro, barbeiro, vendedor de pequenos móveis e artigos diversos nas feiras semanais de farinha e que ocorriam nos bairros. Hoje ainda ocorrem essas feiras, mas com grande diversificação de produtos, incluindo hortifrutigranjeiros, o que era escasso àquela época. A maioria da população estava localizada na zona rural, de onde retiravam o seu sustento das roças e criações que faziam, e cujo excedente vendiam nas feiras livres ou para os comerciantes que lhes fiavam.

Havia muitos alfaiates, professoras particulares para alfabetizar crianças, carpinteiros, carroceiros, aguadeiros, etc.

Falar dessas coisas para uma geração que isso não viveu parece estranho e coisas de um passado distante e que não volta mais. Hoje os dias são outros, melhores, embora haja quem diga que aquele tempo era melhor.

Não havia essa ambição existente na geração moderna. Os políticos eram menos ávidos por fama e poder, e menos corruptos e tolos. É que não havia os “paraísos fiscais” e o dinheiro não era moeda de troca por votos, como hoje. Os cabos eleitorais não tinham remuneração e faziam “boca de urna” por simpatia ao candidato simpatizante.

As escolas municipais eram de uma simplicidade única, e os professores com formação máxima de segundo grau, ou “normal” como eram chamados os formados para o magistério, e que foram intitulados de “normalistas”. Elas inspiraram até a letra de uma música cantada por Nelson Gonçalves, e chamada “Minha normalista linda”.

Ainda que falte muito para se alcançar a condição ideal de sociedade evoluída em todas as áreas, as condições são muito melhores se comparadas as daquele tempo.  E essa “boa condição” leva a maioria à ociosidade e a busca do prazer de vários modos, como: se divertindo, viajando, comendo e bebendo, interagindo nas redes sociais, etc. Enquanto isso milhões no mundo todo ainda sofrem em condições mínimas de bem estar e saúde e máxima de miséria e angústia. E aqueles que alcançaram a dádiva de uma vida digna, a qual consideram vindas de Deus, pouco ou nada fazem por aqueles que poderiam ser eles.

E esses mesmos que assim agem se consideram filhos de Deus, embora não ajam como tais, não  lembrando ou esquecendo do que diz o Espírito Santo pelo missivista aos Hebreus “Lembrai-vos dos presos, como se estivésseis presos com eles, e dos maltratados, como sendo-o vós mesmos também no corpo.” Hb. 13:3.

Assim, se cumpre o que disse o mesmo espírito pelo apóstolo Tiago, o qual escreveu: “Eia, pois, agora vós, ricos, chorai e pranteai, por vossas misérias, que sobre vós hão de vir. As vossas riquezas estão apodrecidas, e as vossas vestes estão comidas de traça. O vosso ouro e a vossa prata se enferrujaram; e a sua ferrugem dará testemunho contra vós, e comerá como fogo a vossa carne. Entesourastes para os últimos dias. Eis que o jornal dos trabalhadores que ceifaram as vossas terras, e que por vós foi diminuído, clama; e os clamores dos que ceifaram entraram nos ouvidos do Senhor dos exércitos. Deliciosamente vivestes sobre a terra, e vos deleitastes; cevastes os vossos corações em dia de matança.” Tg. 5:1 a 5.

Segundo Jesus, nessa condição estará o mundo por ocasião da sua vinda, veja:

“E, como aconteceu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do homem. Comiam, bebiam, casavam, e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio, e os consumiu a todos. Como também da mesma maneira aconteceu nos dias de Ló: Comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam;  mas no dia em que Ló saiu de Sodoma choveu do céu fogo e enxofre, e os consumiu a todos.  Assim será no dia em que o Filho do homem se há de manifestar.” Lc. 17:26 a 30.

Os filhos do reino estão na condição prevista por Jesus relativo às virgens, dormindo. Oxalá alguns durmam já preparados. Ou seja, já descansam o sono da morte. Pois como diz o Espírito Santo por João, “Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e as suas obras os seguem.”. Ap. 14:13.

By Oli Prestes
oliprest
Enviado por oliprest em 06/04/2014


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Imagem de cabeçalho: raneko/flickr