Textos

Falando sem saber

Seria possível alguém falar algo sem saber o que está falando? Isso não seria mal? Vejamos se é possível e como isso é possível.
O ser humano, na tenra idade, fala o que ouve sem cogitar do significado da palavra. Isso só ocorre depois que a criança vai se desenvolvendo e sendo instruída na língua que fala, a qual pode nem ser a língua mater. As aves que conseguem imitar a fala do homem, como o papagaio, também falam o que aprendem, embora não saibam o significado daquilo que falam. É possível até que empreguem as palavras em ocasiões que coincidem, mas não tem raciocínio lógico do que falam, pois não conseguem usar as palavras para formar frases inteligíveis nos momentos adequados.

Existem casos curiosos que nos levam a pensar que os animais, em certas ocasiões, falam com lógica, manifestando um pensamento racional. É o caso do papagaio que delatou o seu dono a policia rodoviária do México. Ao ser abordado pela policia e perguntado se estava tudo bem, respondeu que sim. Mas o papagaio que o acompanhava o desmentiu dizendo que o seu dono estava “borrachio” (embriagado).

Na minha infância tivemos vários papagaios em nossa companhia. E eles falavam muito, e coisas muito curiosas, manifestando certa lógica. Mas atribuo isso ao fato de serem ensinados por aqueles que passavam a maior parte do tempo próximo deles, como aquela que foi a minha genitora.

Crianças há que falam palavrões ou xingam sem saber o significado do que falam, embora pareça que haja consciência que aquilo que falam é ofensivo. Pois, ao serem confrontadas, podem até dissimular, alegando ter dito outra palavra parecida. É o caso do palavrão que se parece com a frase “filho da fruta”, o qual uma criança pode empregar para negar o palavrão que falou.

As pessoas que tem baixo nível de escolaridade empregam palavras com certa limitação, já que podem desconhecer os sinônimos delas. Não raro empregam palavras fora do contexto e significado, já que aprenderam por ouvir dizer, como uma criança. Mas há pessoas de baixo nível educacional que falam muito bem, com fluência, desembaraço e acerto, devido terem convivido com outras de elevado nível escolar. São pessoas que prestam atenção ao que ouvem e tem facilidade para assimilar. Outras há que, mesmo sendo ensinadas, tem dificuldade para corrigir falhas de linguagem, dependendo da origem dos pais.

Mas existem pessoas adultas e até bem formadas que agem como se fossem aves ornitólogas, papagaios. Pois falam aquilo que aprenderam de cor, transmitidas por seus líderes. Esse tipo de pessoa é facilmente encontrada no meio religioso. E isso faz por acreditar que seus líderes sabem o que falam, acabando por ser enganada, embora quem o faça não tenha essa intenção, já que também ouviu de outro.

E também há quem fale sem saber que faz uma citação bíblica, embora possa até se considerar ateu. É o caso de alguém dizer que “a esperança é a última que morre”. Diz a bíblia que vai permanecer a fé, a esperança e o amor. I Co. 13:13. Então é possível que alguém criou esse provérbio a partir dessa informação.

Mas há afirmações ditas bíblicas, mas que não encontramos na bíblia. É o caso do provérbio que diz “Deus ajuda quem cedo madruga”. Ele contraria a manifestação de Deus sobre levantar de madrugada para trabalhar no trabalho secular. Pois um texto bíblico diz: “Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão que penosamente granjeastes; aos seus amados ele o dá enquanto dormem.” Sl. 127:2.

Outrossim, há quem fale de algo que lhe foi inspirado, sem consciência do que diz, já que ele foi usado como um vaso para manifestar o que fala, escreve ou canta. Assim, muitas coisas assentadas nos livros e letras de música passam despercebidas do seu autor, o qual não foi autor verdadeiramente, mas o instrumento para decodifica-la ou manifesta-la a outros.

Por acaso o finado cantor R. Seixas tinha consciência do que dizia quando compôs a letra da música na qual diz que nasceu a dez mil anos atrás? Que viu Jesus ser crucificado, etc?

Os profetas, ao receberem inspiração para falar, não raro, não sabem o que dizem. Já que falam inspiradamente, para tempos indefinidos, para um ou para todos, tanto dos que o ouve, quanto de outros, tanto no presente quanto no futuro.

Essa é uma das razões porque dizem haver muita subjetividade na bíblia.

E para não ser qual papagaio, é necessário se debruçar sobre os registros, cumprindo aquilo que o Pai dos sábios determinou, e que está no capítulo dois no livro de Provérbios de Salomão, do versículo um até o versículo seis. Ali é manifesto as condições para entender o temor do Senhor e alcançar o conhecimento de Deus.

Portanto, aquilo que alguém afirma e propaga em alto e bom som pode nem ter sido dito nem inspirado pelo Pai das luzes, mas pelo senhor das trevas. E pode não ser profecia, mas premonição e engano.
oliprest
Enviado por oliprest em 20/11/2014
Alterado em 01/06/2019


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Imagem de cabeçalho: raneko/flickr