Ninguém por acaso se consome
Ou sofre por acaso;
De que se queixa o homem?
Queixe-se cada um dos seus pecados.

Ninguém ao ser tentado
Diga ser tentado por Deus;
Ele não pode ser tentado pelo mal;
Outrossim, Ele não tenta os seus.

Mas cada um ao ser tentado
O é por sua própria cobiça;
E esta dá a luz ao pecado
Ao ser ela manifesta.

Pecado é transgressão da lei;
Se esta não existisse,
Não existiria pecado também,
Mas agora ele subsiste.

Nem tudo é pecado,
Mas todo pecado é transgressão;
E esta é o ato consumado
Do que foi ideado no coração.

O coração do homem é maligno;
E quem o pode conhecer?
Dele procede o mau desígnio,
Os desvarios que fazem enlouquecer.

Dizem ser ele a sede do amor,
Porque ele lhes faz assim pensar;
Mas nisto estão enganados;
O coração é mal, perverso e carnal.

Dele procedem a paixão,
O ódio, os furtos, os adultérios;
Ainda dizem que ele tem razão
Apesar de tanto desatino.

Só Deus o pode transformar,
Convertendo-o de pedra em carne;
Áquele que se sujeitar
Às regras que lhe sare.