Mesquinho amor
No curto tempo do ministério de Jesus neste mundo, ele não só ensinou aqueles a quem escolheu para discípulos e apóstolos, como falou a todos os que foram a ele, ou para serem curados, ou lhe tentarem, ou lhe provarem, ou buscarem dele alguma coisa, mesmo aos curiosos que foram apenas conferir o que ouviram falar dele.
Jesus era oportunista, no sentido positivo. Sempre que os seus discípulos agiam de modo contrário aos princípios divino, ele lhes mostrava o modo correto de proceder. Apesar disso, nem tudo pode ser falado durante o tempo em que ele lhes guiou, por isso disse Ele que quando viesse o Espírito Santo, este os guiaria a toda verdade e lhes faria saber tudo o que ele lhes tinha dito. Jo. 14:26.
Certa ocasião dois dos seus discípulos fizeram-lhe um egoístico pedido, veja:
E aproximaram-se dele Tiago e João, filhos de Zebedeu, dizendo: Mestre, queremos que nos faças o que pedimos. E ele lhes disse: Que quereis que vos faça? E eles lhe disseram: Concede-nos que, na tua glória, nos assentemos, um à tua direita, e outro à tua esquerda. Mas Jesus lhes disse: Não sabeis o que pedis; podeis vós beber o cálice que eu bebo e ser batizado com o batismo com que eu sou batizado? E eles lhe disseram: Podemos. Jesus, porém, disse-lhes: Em verdade, vós bebereis o cálice que eu beber e sereis batizados com o batismo com que eu sou batizado, mas o assentar-se á minha direita ou á minha esquerda, não me pertence a mim concede-lo; mas isso é para aqueles à quem está reservado. E os dez, tendo ouvido isto, começaram a indignar-se contra Tiago e João. Mas Jesus, chamando-os a si, disse-lhes: Sabeis que os que julgam ser príncipes das gentes, delas se assenhoreiam, e os seus grandes usam de autoridade sobre elas; mas entre vós não será assim; antes, qualquer que, entre vós, quiser ser grande, será vosso serviçal. E qualquer que, dentre vós, quiser ser o primeiro, será servo de todos. Porque o Filho do Homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos. Mc. 10:35-45.
Apesar do exemplo de Jesus, aqueles discípulos estavam como cegos, e não viam a Jesus como espelho para eles, muito menos como padrão de medida pelo qual eles se deveriam medir. Queriam posicionar-se junto ao mestre na sua glória, mesmo sem terem passado pela prova e o batismo de fogo que Jesus passou, e não terem tomado o cálice que ele tomava.
Ora, quando Jesus chamou a si aqueles homens, eles eram Judeus de nacionalidade, e, por conseguinte, religiosos. Mas estavam possuídos de sentimentos humanos, os quais eram voltados para si mesmos, buscando a promoção pessoal. E no episódio relatado acima, Jesus poderia tê-los censurado, mas ele, como mestre, foi oportunista, e lhes ensinou como eles deveriam proceder para serem primeiros: “E qualquer que, dentre vós, quiser ser o primeiro, será servo de todos”.
E como Jesus não ministrou tudo o que era necessário para a formação e perfeição deles, depois, o Espírito Santo, falando por eles mesmos, foi acrescentado o que era mister para o fim colimado. Assim, tempos depois, o próprio João escreveu inspiradamente: “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos.” (Jo. 15:13 RA)
E: “Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando.” (Jo. 15:14 RA)
Quando em certa ocasião Jesus prenunciava a sua morte, Pedro disse que daria a sua vida por Jesus. Apesar disso, quando Jesus foi preso, Pedro negou que era discípulo de Jesus, e, por ocasião da prisão de Jesus, todos os seus apóstolos, que estavam com ele, ou seja, os onze, fugiram deixando-o só, entregue a própria sorte.
Um dos seus apóstolos o traiu e o entregou aos principais para que fosse morto. E no salmo profético, relativo a isso, diz: “Deram mal pelo bem, e ódio, pelo meu amor ”. Sl. 109:5.
Disse o apóstolo João, um dos que pediram a Jesus para ser assentado ao seu lado na sua glória: “Quem não ama, não conhece a Deus, porque Deus é amor” I Jo. 4:8.
Disse Jesus: “Ama ao teu próximo como a ti mesmo”.
Entretanto, muitos, mesmo religiosos, e se dizendo mestres, e pretensos ministros, nem sabem quem são os seus próximos, do mesmo modo que o mancebo a quem Jesus falou a parábola do Samaritano, veja:
Quando um mancebo inquiriu a Jesus de como entrar na vida, Jesus disse-lhe: “Se queres entrar na vida guarda os mandamentos. E este perguntou a Jesus, quais? E Jesus lhe citou os mandamentos relativos ao próximo. E ao final da sua citação, disse ainda Jesus: “E ama ao teu próximo como a ti mesmo”. Então o mancebo perguntou-lhe: “Quem é o meu próximo”? A esta pergunta Jesus respondeu com a parábola do samaritano. “A isto ele respondeu: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Então, Jesus lhe disse: Respondeste corretamente; faze isto e viverás. Ele, porém, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: Quem é o meu próximo? Jesus prosseguiu, dizendo: Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e veio a cair em mãos de salteadores, os quais, depois de tudo lhe roubarem e lhe causarem muitos ferimentos, retiraram-se, deixando-o semimorto. “Casualmente, descia um sacerdote por aquele mesmo caminho e, vendo-o, passou de largo. Semelhantemente, um levita descia por aquele lugar e, vendo-o, também passou de largo. Certo samaritano, que seguia o seu caminho, passou-lhe perto e, vendo-o, compadeceu-se dele. E, chegando-se, pensou-lhe os ferimentos, aplicando-lhes óleo e vinho; e, colocando-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e tratou dele. No dia seguinte, tirou dois denários e os entregou ao hospedeiro, dizendo: Cuida deste homem, e, se alguma coisa gastares a mais, eu to indenizarei quando voltar. Qual destes três te parece ter sido o próximo do homem que caiu nas mãos dos salteadores?” Respondeu-lhe o intérprete da Lei: O que usou de misericórdia para com ele. Então, lhe disse: Vai e procede tu de igual modo.. (Lc. 10:27-37 RA)
Noutra ocasião um mancebo perguntou a Jesus qual o primeiro e grande mandamento. Ao que Jesus lhe respondeu:
Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.” (Mt. 22:37-40 RA)
“Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a Lei e os Profetas.” (Mt. 7:12 RA)
Então o próximo é aquele que cai nas nossas mãos, ou que está á mão. Mas o que não raro ocorre é que os que não compreendem, querem fazer por quem está distante, e não fazem pelos que estão pertos.
Recentemente, após o cataclismo ocorrido na Ásia, foi lançada uma campanha de arrecadação de donativos para os flagelados, e que arrecadou centenas de toneladas de doações. Mas o mesmo nunca ocorreu nessa escala para com os nossos patrícios. Aliás, é fato sabido e notório o que ocorre no Nordeste do país, mas pouco tem sido feito para atenuar ou minimizar o sofrimento daqueles brasileiros, já que na esfera humana não existe solução para o problema.
Mas nós devemos julgar os de dentro. Os de fora julga o Senhor.
Há quem diga que não tem obrigação de amar aos seus irmãos da sua congregação com entranhável amor. E isso diz por falta de conhecimento das Escrituras. Pois uma delas diz:
“Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros. Rm. 12:10.
E mais:
Comunicai com os santos nas suas necessidades, segui a hospitalidade. Abençoai aos que vos perseguem, abençoai, e não amaldiçoeis. Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram; sede unânimes entre vós; não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos ás humildes; não sejais sábios em vós mesmos. A ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas honestas perante todos os homens. Se for possível, quando estiver em vós, tende paz com todos os homens. Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor. Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer, se tiver sede, dá-lhe de beber, porque fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem. Rm. 12:13-21.
E uma expressão de Jesus sintetiza tudo: “Como quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles.” (Lc. 6:31 RA)
Mas o que vemos é que, mesmo pequenos grupos se espezinham, se odeiam, se caluniam, se hostilizam; vivem em constante conflito. Por que?
Porque não renunciam o seu eu; não põem em prática as palavras do mestre; não fizeram morrer a sua natureza terrena; não tem o amor de Deus. E por que não tem o amor de Deus? Porque não guardam os seus mandamentos, que é o seu amor, razão porque Deus não está neles, e não pode operar neles. Só pensam em si. E até quando dão, não o fazem movidos por amor, mas por sentimentos mesquinhos que são manifestos quando dizem: eu fiz, eu dei, eu isso, eu aquilo, etc...
Para esses faço minha as palavras de uma escritura: “Se não vos arrependerdes e converterdes de maneira nenhuma sereis salvos”. E mais: “Com a medida com que medirdes, vos medirão a vós”.
“São os teus olhos a lâmpada do teu corpo; se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; mas, se forem maus, o teu corpo ficará em trevas. Repara, pois, que a luz que há em ti não sejam trevas. Se, portanto, todo o teu corpo for luminoso, sem ter qualquer parte em trevas, será todo resplandecente como a candeia quando te ilumina em plena luz.” (Lc. 11:34-36 RA)
“Se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão!” (Mt. 6:23 RA).
Oli Prestes
Missionário
(092)99514-7978
oliprest
Enviado por oliprest em 29/06/2007
Alterado em 05/03/2018