Anos de solidão II
Apesar de o ser humano ser um ser social, há alguns que se isolam e outros que são isolados das sociedades em que vivem por razões diversas, inclusive religiosas. Mas, quais as razões haveria para isso? E seriam razões razoáveis? Vejamos:
Quando Deus falou com Noé para que fizesse uma arca para a salvação dele, de sua família (esposa, filhos e noras) e de alguns animais, antes de manda-lo entrar na arca, falou a Noé que o havia achado justo no meio de uma geração corrompida. Houve um período de cem anos entre a ordem de construir a arca e o dilúvio. Parece que nesse período só Noé e a sua família devem ter participado da igreja de Deus na terra. Digo parece porque o pai dele morreu cinco anos antes do dilúvio, e, apesar de ter profetizado sobre Noé por ocasião do nascimento deste, não tenho certeza de que ele também era justo. Deve ter sido um período de solidão como povo temente e obediente a Deus, e consciente do que estava determinado vir sobre a terra e os seus moradores.
Ao tempo do reinado de Acabe, rei de Israel, houve um profeta (Elias), o tisbita, por quem Deus falou ao rei, e cuja mulher (Jezabel) intentou matar a Elias, por este ter matado aos profetas dela. Devido ao estado espiritual da nação de Israel, Elias disse que não haveria chuva sobre a terra por três anos e meio e só mediante a sua palavra, o que de fato aconteceu. Elias convocou todo o povo de Israel para um desafio para saber quem era o Deus verdadeiro, se o Deus a quem Elias servia ou se o deus (Baal), ao qual Jezabel cultuava. Como o deus invocado pelos profetas de Jezabel não lhes respondeu, e o de Elias mandou fogo que queimou o sacrifício oferecido por Elias, bem como o altar de pedras, além de ter lambido a água que o profeta havia mandado encher no rego que foi feito por ordem dele ao redor do altar, Elias mandou pegar a todos os profetas de Jezabel e os matou. Por essa razão Jezabel fez juramento de que faria o mesmo com Elias, pelo que ele fugiu. Nessa fuga Elias esteve em uma caverna em Horebe, monte santo de Deus, ocasião em que Deus falou com Elias. Este pensou ser único como temente a Deus, mas este lhe fez saber que ele havia reservado sete mil varões que não haviam beijado a Baal. Bem que eles poderiam formar uma igreja sob a liderança de Elias, mas este nem sabia que Deus os tinha como tementes a ele e que eles existiam como tais.
Antes da vinda de Jesus, Deus suscitou a João, o batista, primo de sangue de Jesus, a fim de preparar o caminho diante dele. O povo Judeu, última tribo de Israel a ser rejeitada como povo de Deus, tinha a sua religião, a qual praticava, e na qual tinha sacerdote, sumo sacerdote, escribas, mestres da lei de Moisés, etc. Apesar disso, Deus escolheu a um homem desde o ventre de sua mãe para ser o precursor de Jesus. E este fez uma coisa sobre a qual as escrituras anteriores a ele não previam, a saber, batizar em água os que aceitavam na mensagem dele.
Foi um trabalho solitário e uma congregação (igreja) desvinculada do velho sistema sacerdotal vigente à época. Algum contemporâneo dele poderia afirmar que aquilo era heresia, já que havia a religião que praticava os ritos com base no que Moisés havia determinado. Mas foi a partir dele que Jesus começou o seu ministério, pois ele foi a João para ser também batizado.
Paulo, após a sua conversão, pretendeu levar a mensagem de salvação aos seus patrícios judeus, mas foi rejeitado, pelo que se voltou para os gentios, e a evangelização deste ele dedicou o seu ministério. Foi um trabalho quase solitário, mas de grande alcance e profundidade, pois até hoje serve de modelo para os que querem servir a Deus como evangelistas e apóstolos e formarem igrejas.
Por ter sido escolhido por Deus para uma obra, eu fui separado por ele, e tenho estado por um tempo considerável como só. Nesse tempo eu tenho dado aviso para algumas pessoas, as quais tem me seguido no modo doutrinário que manifesto, pela evidência da verdade que eu ensino. Mas pelo fato de parecer como só no meio de milhões, que tem templos e congregações (igrejas), pareço como um louco ou herege, e servido de escarnio para alguns. Mas como Deus escolhe as coisas loucas do mundo para confundir os sábios, e os que não são para confundir as que são, então eu prossigo na missão para a qual eu fui comissionado, mesmo como solitário, embora eu não esteja só, pois aquele que me chamou, nomeou e comissionou é comigo e ainda não cumpriu todo o seu propósito determinado para mim no tempo presente.
Às vezes a solidão é necessária, não só como prova, mas como preparação. Moisés esteve solitário por quarenta anos em Midiã, após ter fugido da presença de Faraó, rei do Egito, ocasião em que Deus lhe falou de uma sarça, e o comissionou para retirar o seu povo daquele reino e leva-lo para a terra da promissão, Canaã.
Oriximiná-PA, 27/11/2015
Oli Prestes
Missionário
oliprest
Enviado por oliprest em 29/11/2015
Alterado em 22/05/2017