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O cego que lê o invisível
Não é surpresa que um cego leia. Afinal, o sistema braile concede a ele essa possibilidade. Mas, um cego ler o invisível, parece que poderia ser impossível. Entretanto é perfeitamente possível, e vamos mostrar isso.

Uma filha minha, quando tinha por volta de sete anos, afirmou que conhecia a nossa roupa pelo cheiro, o que me fez vendá-la e levar ao seu nariz peças de roupa para que ela identificasse, o que de fato ocorreu. Fiquei muito admirado com isso. Mas não é só isso.

Quando um cão fica velho e também cego, ele passa a se guiar pelo olfato, identificando pessoas e coisas por esse meio.

Nem tudo o que um cego lê é visível para quem vê. Perfume ou odor pode denunciar a presença de alguém na proximidade de um cego, e isso corresponde a uma leitura. Também odores podem identificar lugares de uma habitação. Existem dois lugares que podem ser facilmente identificados, mesmo por pessoas que, embora não sejam cegas, possam não ver por falta de luz. São a cozinha e o banheiro. Ambos têm odores próprios desses ambientes.

Mesmo sem ver é possível saber que algo, alguém ou algum animal está ou esteve em determinado lugar, pelo odor deixado por eles no local. Quem é acostumado a andar na floresta percebe um predador ou determinado animal por causa do odor que ele emite. Os silvícolas são hábeis nisso.

Cães adestrados para localizar drogas e pessoas também tem uma capacidade muito refinada para identificar, seguir e encontrar aquilo para o qual eles foram treinados, inclusive pessoas soterradas. Hoje, até algumas enfermidades já podem ser percebidas por cães habilitados para essa tarefa.

Mas o uso e abuso de perfumes ou o descuido com o olfato tem mascarado esse órgão tão útil e necessário como testemunha do paladar, confirmando o que este identifica pelo sabor.

Segundo li em uma revista de saúde, os mamíferos tem a capacidade de identificar pelo olfato o alimento que não lhes convém. E isso meus filhos faziam quando bem pequenos. Cheiravam a comida quando chegavam à mesa de refeição. Pediam a que lhes agradava e recusavam outras.

Dizem que “o que olho não vê o coração não sente”. Se fosse assim, os cegos não poderiam amar, já que eles não podem ver o objeto do seu amor. Assim cai por terra a máxima: "O que os olhos não vêem o coração não sente".
Oriximiná-PA, 19/01/2016
Oli Prestes
Missionário
oliprest
Enviado por oliprest em 25/01/2016
Alterado em 30/03/2018


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Imagem de cabeçalho: raneko/flickr