JUSTIFICADOS POR CRISTO
Paulo, numa de suas epístolas, disse que justificados por Cristo temos paz com Deus. E outra Escritura diz que Jesus com o seu conhecimento justificará a muitos. Is. 53:11. Assim, parece haver uma contradição, já que o conhecimento de Jesus é a observância dos seus mandamentos, ou da sua lei. E também porque o mesmo apóstolo, noutra epístola, diz que decaíram da graça aqueles que se justificam por lei. Gl. 5:4.
Vamos buscar ordenar as coisas a fim de alcançarmos o entendimento delas, fazendo uma exemplificação para que possamos trazer à luz as coisas que estão ocultas a alguns.
Imaginemos um criminoso que está sentenciado e prisioneiro, mas que recebe o indulto por concessão de um magistrado, como o que é concedido na época natalina, e chamado “o indulto de natal”. Para a justiça terrena ele não deve mais o crime cometido, ou seja, foi justificado do seu delito. Mas, poderá ele retornar à pratica de delitos sem que venha a ser apenado por isso? Certamente que não. Assim é o processo da justificação concedida por Deus. Mas vamos analisá-la.
No livro de Atos lemos:
E de tudo o que, pela lei de Moisés, não pudestes ser justificados, por ele é justificado todo aquele que crê. At. 13:39.
Primeiramente queremos ressaltar que a passagem é clara quando fala de pessoas que não puderam ser justificados pela lei de Moisés. Donde concluímos que Moisés também foi legislador e que tinha uma lei. Mas devemos nos conscientizar de que a lei de Moisés não é a lei de Deus, veja.
Sim, todo o Israel transgrediu a tua lei, desviando-se, para não obedecer à tua voz; por isso a maldição, o juramento que está escrito na lei de Moisés, servo de Deus, se derramou sobre nós; porque pecamos contra ele. Dn. 9:11.
Observe que nessa escritura são mencionadas as duas leis num só versículo. Observe também que na lei de Deus não existe maldição, enquanto que na de Moisés sim. Conferir com Ex. 20:1-17 e Dt. 28:15-68.
Mas quem é ele ao qual refere-se o escritor do livro de Atos?
Todos que são dados a examinarem as Escrituras sabem que é Jesus, o Cristo. E quem é Cristo?
A Escritura fala do mistério de Deus: Cristo, que no devido tempo será revelado, e que está na Escritura, mas que tem estado oculto a muitos, e que o Espírito de Deus já tem esclarecido em nossos corações.
Paulo, escrevendo aos Romanos, disse:
Irmãos, o bom desejo do meu coração e a oração a Deus por Israel é para sua salvação. Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus, mas não com entendimento. Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus, e procurando estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça de Deus. Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê. Ora Moisés descreve a justiça que é pela lei, dizendo: O homem que fizer estas coisas viverá por elas. Mas a justiça que é pela fé diz assim: Não digas em teu coração: Quem subirá ao céu? (isto é, a trazer do alto a Cristo). Ou: Quem descerá ao abismo? (Isto é, a tornar a trazer dentre os mortos a Cristo). Mas que diz? A palavra está junto de ti, na tua boca e no teu coração; esta é a palavra da fé, que pregamos. A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo. Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação. Porque a Escritura diz: Todo aquele que nele crê não será confundido.
Porquanto não há diferença entre judeu e grego; porque um mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam. Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como pois invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam a paz, dos que anunciam coisas boas! Mas nem todos obedecem ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem creu na nossa pregação? De sorte que a fé é pelo ouvir, e ouvir a palavra de Deus. Rm. 10:1-17.
O texto sublinhado é a elucidação do que foi escrito por Moisés e constante no livro de Deuteronômio, veja:
Porque este mandamento, que hoje te ordeno, te não é encoberto, e tampouco está longe de ti. Não está nos céus para dizeres: Quem subirá por nós aos céus, que no-lo traga, e no-lo faça ouvir, para que o façamos? Nem tampouco está além do mar, para dizeres: Quem passará por nós dalém do mar, para que no-lo traga, e no-lo faça ouvir, para que o façamos? Porque esta palavra está muito perto de ti, na tua boca, e no teu coração, para a fazeres. Dt. 30:11-14.
Nessa passagem bíblica não vemos Moisés referindo-se ao nome Cristo, mas ao mandamento e à palavra. E por que então o apóstolo Paulo fala dela referindo-se a Cristo? Porque Cristo é a palavra de Deus. Também é a voz de Deus. É por Ele (Jesus) que a palavra de Deus tem sido manifesta aos homens, especialmente ao seu povo.
Referindo-se ao segundo concerto feito por Deus com o povo de Israel, no qual foram propostas as bênçãos e as maldições que lhe adviria pelo cumprimento ou transgressões dos mandamentos de Deus, Moisés escreveu:
Estas são as palavras do concerto que o Senhor ordenou a Moisés na terra de Moabe, que fizesse com os filhos de Israel, além do concerto que fizera com eles em Horebe. E nesse concerto consta:
E será que se ouvires a voz do Senhor teu Deus, tendo cuidado de guardar todos os mandamentos que eu te ordeno hoje, o Senhor teu Deus te exaltará sobre todas as nações da terra. E todas estas bênçãos virão sobre ti e te alcançarão, quando ouvires a voz do Senhor teu Deus. Dt. 28:1 e 2.
O missivista aos Hebreus inicia assim a sua a epístola:
Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo. Hb. 1:1 e 2.
Há quem pense que o Deus que atuava nos acontecimentos narrados no que os homens convencionaram chamar de “Velho Testamento” era só o Deus Pai.
Mas isso é desconhecimento das Escrituras. Recomendamos a leitura do artigo por nós codificado, e intitulado: “O Anjo do Senhor”. Você saberá que ele é Jesus, e que foi quem falou desde o céu com Abraão; que apareceu aos pais de Sansão; que lutou com Jacó, etc. E não são argumentos vazios, mas damos as provas Bíblica dos nossos argumentos.
Paulo, ao início da citação da sua epístola aos Romanos, e da qual estamos tratando, diz: Israel tem zelo de Deus, mas não com entendimento. Porquanto não conhecendo a Justiça de Deus, e procurando estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça de Deus. Rm. 10:2 e 3.
O povo de Deus na atualidade está na mesma situação. Muitos do seu povo, à semelhança do Israel nominal, não conhecem a justiça de Deus, que corresponde aos seus mandamentos, e procuram estabelecer a sua própria justiça.
Ora, quando o apóstolo diz que o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê, ele está referindo-se não a pessoa de Jesus, mas a palavra que o representa, e que diz a Escritura ser superior a Deus.
João escreveu:
No princípio era o Verbo, o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós e vimos a sua glória como o unigênito do Pai. Jo. 1:1 e 14.
O Verbo é a palavra de ação. E diz o missivista aos Hebreus que a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem havemos de tratar. Hb. 4:12 e 13.
Os judeus perguntaram certa ocasião a Jesus:
És tu o Cristo? Dize-no-lo. Ele replicou: Se vo-lo disser, não o crereis. Lc. 22:67.
Assim, eles sabiam que o Cristo significava a palavra que se faria homem. Entretanto há quem diga que o Cristo do qual os judeus inquiriram se Jesus era, significa o Messias.
E Jesus andava passeando no templo, no alpendre de Salomão. Rodearam-no, pois, os judeus, e disseram-lhe: Até quando terás a nossa alma suspensa? Se tu és o Cristo, dize-no-lo abertamente. Respondeu-lhes Jesus: Já vo-lo tenho dito, e não o credes. As obras que eu faço, em nome de meu Pai, essas testificam de mim. Jo. 10:23-24.
Paulo, escrevendo aos Gálatas, disse:
Meus filhinhos, por quem de novo sinto as dores de parto, até que Cristo seja formado em vós. Gl. 4:19. E aos Coríntios: Se alguém está em Cristo, nova criatura é. II Co. 5:17. E para estar em Cristo, o Espírito Santo revelou a João como podemos estar, veja:
E aquele que guarda os seus mandamentos, está em Deus e Deus nele. I Jo. 3:24, primeira parte.
Se fosse suficiente crer em Jesus como pessoa, por que Paulo sofria aflições para formar Cristo nos Gálatas? Por isso, veja:
Para que Cristo habite pela fé nos vossos corações; a fim de, estando arraigados e fundamentados no amor, poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus e conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento. Ef. 3:17-19.
Assim, Jesus habita em nós representativamente pela sua palavra, que corresponde aos seus mandamentos.
No discurso de Pedro diante dos judeus no pentecostes, entre outras coisas ele disse: Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor. E envie ele a Jesus Cristo, que já dantes vos foi pregado. At. 3:19 e 20.
E esse Cristo que havia sido pregado anteriormente aos judeus, era os seus mandamentos, também chamados de a Sua Palavra, que havia sido negligenciada pelos judeus contemporâneos de Pedro, mas que com a sua pregação muitos creram, veja:
Muitos, porém, dos que ouviram a palavra creram, e chegou o número desses homens à quase cinco mil. At. 4:4.
E já que Cristo é a palavra da qual fala Moisés e Paulo, e correspondente aos mandamentos de Deus, ao qual Moisés referiu-se na Escritura mencionada ao início, e a palavra da fé referida pelo apóstolo Paulo, então vamos ver quem são os anticristo dos quais fala o apóstolo João, inspiradamente:
Filhinhos, é já a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também agora muitos se têm feito anticristo; por onde conhecemos que é já a última hora. Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós. E vós tendes a unção do Santo, e sabeis tudo. Não vos escrevi porque não soubésseis a verdade, mas porque a sabeis, e porque nenhuma mentira procede da verdade. Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? É o anticristo esse mesmo que nega o Pai e o Filho. Qualquer que nega o Filho, também não tem o Pai; e aquele que confessa o Filho, tem também o Pai. Portanto o que desde o princípio ouvistes permaneça em vós. Se em vós permanecer o que desde o princípio ouvistes, também permanecereis no Filho e no Pai. I Jo. 2:18-24.
Nessa porção da sua epístola, o apóstolo fala várias coisas profundas. Entre elas, ele refere-se à verdade, e diz que nenhuma mentira procede da verdade. E quanto à verdade, já discorremos sobre a mesma no artigo codificado por nós com o título “A Verdade de Deus”.
Outrossim, diz ainda o apóstolo: Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Como vemos, ele refere-se a Jesus ser o Cristo, dando a entender que um representa o outro. E está corretíssima a colocação do apóstolo, já que inspirada pelo Espírito Santo. Pois, sendo Cristo a palavra de Deus, que corresponde aos seus mandamentos, aos quais refere-se Moisés no texto ao início, e Jesus o Verbo que corresponde à palavra e que se fez carne, então Jesus é o Cristo. E aqueles que isso nega são os anticristos.
E quem nega isso, está certamente negando a Cristo, o Filho de Deus, negando, portanto, a Deus. Pois diz o apóstolo João: se em vós permanecer o que desde o princípio ouvistes, permanecereis no Filho e no Pai. I Jô. 2:24, ú.parte.
Por conseguinte, disse mais o apóstolo Paulo na sua epístola aos Romanos:
Visto que com o coração se crê na a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação.
Assim, quem crê nos mandamentos de Deus crê na sua justiça. E quem pratica a sua justiça é justo, assim como ele é justo. E nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo. Qualquer que não pratica a justiça, e não ama a seu irmão, não é de Deus. I Jo. 3:7 e 10.
Mas há os que, fazendo acepção de pessoas, dizem que a lei de Deus foi dada para o povo de Israel, referindo-se ao Israel nominal, da Palestina, e se excluem do Israel de Deus. Mas o apóstolo diz:
Porquanto não há diferença entre judeu e grego; porque um mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam. Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Rm. 10:12 e 13.
Entretanto, alguns, se justificando por essa porção bíblica, emprestam a ela o seu próprio entendimento, e afirmam que todos os que invocam o nome Jesus serão salvos. Mas para esses digo, repetindo as palavras inspiradas do apóstolo Paulo:
Como pois invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam coisas boas! Mas nem todos obedecem ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem creu na nossa pregação? De sorte que a fé é pelo ouvir, e ouvir a palavra de Deus. Rm. 10:14-17.
Assim como na Antigüidade, hoje o povo de Deus está duvidando do evangelho, e nem sabe o que ele significa. Por isso vamos fazer um breve comentário sobre ele.
Diz a Escritura que como Deus havia escolhido a Abraão para ser pai de uma numerosa nação, anunciou a ele primeiramente o evangelho. Mas há quem pense que o evangelho seja os livros escritos por Mateus, Marcos, Lucas e João, os quais são os primeiros que constam no início do que os homens convencionaram chamar de “Novo Testamento”. Entretanto é bom que considere:
Que evangelho significa “boas-novas”. E que este não tem sido anunciado apenas para nós, outrora gentios, veja:
Porque também a nós foram pregadas as boas-novas, como a eles, mas a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não estava misturada com a fé naqueles que a ouviram. Porque nós, os que temos crido, entramos no repouso, tal como disse: Assim jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso; embora as suas obras estivessem acabadas desde a fundação do mundo. Porque em certo lugar disse assim do dia sétimo: e repousou Deus de todas as suas obras no sétimo dia. E outra vez neste lugar: Não entrarão no meu repouso. Visto, pois, que resta que alguns entrem nele, e que aqueles a quem primeiro foram pregadas as boas-novas, não entraram por causa da desobediência, determina um certo dia, Hoje, dizendo por Davi, muito tempo depois, como está dito: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações. Hb. 4:1-6.
Assim, vemos que o evangelho não significa o que pensam, mas sim o poder de Deus para salvação daquele que crer. Primeiro do Judeu, e também do grego. Rm. 1:16.
Mas quando a Escritura fala no poder de Deus, há quem possa pensar ser isso uma força mística ou misteriosa que emana de Deus, mas que independe de outro fator que concorra para isso. Entretanto diz a Escritura:
...Falou-nos nestes últimos dias pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo. O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pelo poder da sua palavra, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas. Hb. 1-3.
Da palavra de Deus é que emana a virtude e, por conseguinte, poder.
Também o apóstolo, escrevendo aos crentes de Roma, disse:
E assim, quanto está em mim, estou pronto para também vos anunciar o evangelho, a vós que estais em Roma. Rm. 1:15.
Ora, se eles já haviam crido em Jesus como Salvador, e se isso somente fosse suficiente, que necessidade havia de que o apóstolo se preocupasse e se abalasse para ir à Roma a fim de fazer algo desnecessário, e pregar-lhes o evangelho, que corresponde aos mandamentos de Deus? Se é que assim consideram alguns a obediência da lei ou mandamentos de Deus.
Mas por causa da desobediência dos homens, diz o apóstolo:
Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça. Rm. 1:18.
Sendo a verdade de Deus os seus mandamentos, a impiedade corresponde à transgressão desses mandamentos, e, por conseguinte, à injustiça, pelo qual vem a ira de Deus sobre os homens.
E voltando ao tema principal, vamos continuar a discorrer sobre Cristo.
Diz o apóstolo:
Quando Cristo que é a nossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com ele em glória. Cl. 3:4.
Se Cristo é a palavra, que corresponde aos seus mandamentos, não existem dúvidas no fato de Ele ter afirmado: E sei que os seus mandamentos são a vida eterna. Jo. 12:50.
E mais:
Antes dos livros de Mateus, Marcos, Lucas e João terem sido escritos, disse Jesus:
O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos, e crede no Evangelho. Mc. 1:15.
Alguns pensam que os judeus guardavam os mandamentos, e que Jesus se opunha a isso e até os transgredia. Mas nem todos os judeus eram observadores dos mandamentos, bem como Jesus não os transgredia. E afirmamos isso pelas Escrituras, que registram o que ele disse:
Não vos deu Moisés a lei? e nenhum de vós observa a lei. Jo. 7:19.
Bem sei que não tendes o amor de Deus em vós. Jo. 5:42. E João recebeu do Espírito Santo, que foi prometido por Jesus para nos guiar a toda a verdade, e escreveu:
E este é o amor de Deus: Que guardemos os seus mandamentos. E os seus mandamentos não são pesados.
I Jo. 5:3.
Também disse Jesus:
Se vos falo a verdade, por que não me credes? Jo. 8:43. A tua lei é a verdade. Sl. 119:142, ú.parte.
E: Vós não conheceis a mim, nem ao meu pai; se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis ao meu Pai. Jo. 8:19. E diz o Espírito Santo por João: E nisto sabemos que o conhecemos: Se guardamos os seus mandamentos. Aquele que diz eu o conheço, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade. I Jo. 2:3 e 4.
Se eles guardassem os mandamentos de Deus, eles não teriam tropeçado. Pois diz a Escritura: Muita paz tem os que amam a tua lei, e para eles não há tropeço. Sl. 119:165.
Também teriam luz, pois diz a Escritura:
Porque a lei é luz, e o mandamento é lâmpada. Pv. 6:23.
Eles tinham os mandamentos, mas não os guardavam. Por isso disse Jesus: A luz ainda está convosco por um pouco de tempo; andai enquanto tendes luz, para que as trevas não vos apanhem; pois quem anda nas trevas não sabe para onde vai. Jo. 8:35.
Jesus é a luz do mundo, mas ele já foi para o céu. Como andar na sua luz, ou nele? Como o Espírito Santo inspirou ao salmista, que disse: Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para o meu caminho. Sl. 119:105. E conforme já temos sobejamente demonstrado, a palavra de Deus são os mandamentos de Deus.
Estai pois firmes na liberdade com que Cristo nos libertou. Gl. 5:4.
Essa passagem bíblica, da epístola de Paulo aos Gálatas, tem servido de argumento para alguns que não entendem a outra escritura do apóstolo, onde diz: Porque a lei do Espírito de Vida me livrou da lei do pecado e da morte. Rm. 8:2.
Aqueles que negam a Cristo quando negam a sua lei, buscam suporte na epístola aos Gálatas, onde o apóstolo discorre sobre a impossibilidade da lei cerimonial salvar o homem, mas esquecem a sua afirmação, noutra, onde diz: Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a lei. Rm. 10:31.
Também não compreendem aquilo que lá está. Pois o apóstolo diz:
Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão nem a incircuncisão tem virtude alguma; mas sim a fé que opera por caridade. Gl. 5:6. E como sabemos, a caridade é a observância dos mandamentos de Deus. I Jo. 5:3.
E a seguir, diz:
Corríeis bem; quem vos impediu para que não obedeçais à verdade? Gl. 5:7. E segundo a Escritura, a verdade são os mandamentos de Deus. Sl. 119:142, ú.parte.
Alguns se justificam ainda pelo versículo que diz:
Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede não vos consumais uns aos outros. Gl. 5:14 e 15.
É preciso esclarecer que o apóstolo nesse ponto está referindo-se ao amor fraterno, já que na lei de Deus temos o amor a Ele propriamente, e o amor ao próximo.
E diz o apóstolo:
Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne. Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro; para que não façais o que quereis. Mas se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei. Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: Prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus. Mas o fruto do Espírito é: caridade, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei. E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito. Gl. 5:16-25.
O andar em Espírito, que o apóstolo diz, não tem sido entendido, apesar de o apóstolo adiante dizer que o fruto do Espírito, entre outras coisas, é a caridade. E esta, segundo a Escritura, é guardar os mandamentos de Deus. I Jo. 5:3.
E isso está bem de acordo com o que disse Jesus:
As palavras que vos digo são Espírito e vida. Jo. 6:63.
Diz a Escritura que quem crê que Jesus é o Cristo, é nascido de Deus. I Jo. 5:1.
Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus. Mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos. Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus. I Co. 1:18, 23 e 24. Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo. I Co. 2:16.
Há quem pense que essa expressão bíblica refira-se a pensamento. Mas diz Deus: Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. Is. 55:8.
Segundo o que o Espírito nos concede, a mente de Cristo significa aquilo que o representa, seus mandamentos, que traduz o que ele é, ou a sua natureza santa, da qual por esses mandamentos podemos nos tornar participantes.
Escrito está: “Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniqüidades deles levará sobre si”. Is. 53:11. E esse conhecimento corresponde ao que foi revelado através de João, veja:
E nisto sabemos que o conhecemos: se guardamos os seus mandamentos. I Jo. 2:3.
Portanto, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo. Rm. 5:1. Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus. Porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo. Gl. 3:26 e 27.
Somos justificados pela fé. Mas a fé em Cristo que significa os mandamentos de Deus. Pois diz o apóstolo: Porque em Jesus Cristo nem a circuncisão nem a incircuncisão tem virtude alguma; mas sim a fé que opera por caridade. Gl. 5:6.
E o ser batizados em Cristo, significa o que diz o apóstolo Pedro:
Que também, como uma verdadeira figura,
agora vos salva, pelo batismo, não do despojamento da imundícia da carne, mas da indagação de uma boa consciência para com Deus, pela ressurreição de Jesus Cristo. I Pe. 3:21.
E confirma isso o que diz noutra Escritura:
Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela. Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra. Ef. 5:25 e 26.
E essa ressurreição é aquilo que estava como morto, mas que com a vinda de Jesus, foi por ele vivificado com a sua morte: os seus mandamentos.
Mas a fé é pelo ouvir, e o ouvir a palavra de Deus. Rm. 10:17.
Por que diz a Escritura que não conhece a Deus nem está com a verdade quem não guarda os seus mandamentos? Porque o Verbo ou a palavra é Cristo, e Cristo é Deus; e os mandamentos ou a lei de Deus é a palavra, que é a verdade. Veja:
No princípio era o Verbo, o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Jo. 1:1. Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo; e estes três são um. I Jo. 5:7.
Por isso diz ainda o apóstolo:
E, se Cristo habita em vós, o corpo está morto para o pecado, mas o espírito vive por causa da justiça. Rm. 8:10.
Ora, sabemos que estamos em Cristo por isto:
Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor. Jo. 15:4 e 10. E aquele que guarda os seus mandamentos nele está, e ele nele. I Jo. 3:24, p.parte.
Disse Jesus: Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado. Jo. 1:3.
E essa limpeza é propiciada pela palavra, correspondente aos mandamentos de Deus. Pois diz o apóstolo Pedro: Purificando as vossas almas na obediência à verdade, para caridade fraternal, não fingida; amai-vos ardentemente uns aos outros com um coração puro.Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva e que permanece para sempre. Mas a palavra do Senhor permanece para sempre. I Pe. 1:22, 23 e 25.
Os indoutos afirmam que a palavra de Deus é a Bíblia. Apesar disso dizem que os primeiros livros foram abolidos. Mas o apóstolo afirma que a palavra de Deus permanece para sempre.
E diz ainda o Espírito pelo apóstolo Pedro:
Da qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os profetas que profetizaram da graça que vos foi dada, indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de seguir. Aos quais foi revelado que, não para si mesmos, mas para nós, eles ministravam estas coisas que agora vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho: para as quais coisas os anjos desejam bem atentar. I Pe. 1-12.
Mas aqueles que torcem a verdade dizem que as coisas que dantes foram escritas o foram para o povo de Israel nominal, os chamados Judeus, apesar de o apóstolo Paulo afirmar:
Toda a Escritura inspirada por Deus é útil para o ensino, para a repreensão, para correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda a boa obra. II Tm. 3:16 e 17.
Estai pois firmes na liberdade com Cristo nos libertou. Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne. Porque a lei do Espírito de vida me libertou da lei do pecado e da morte. Mas o fruto do Espírito é: caridade. Porque a caridade de Deus é esta que guardemos os seus mandamentos. Gl. 5:1, 16, 22; Rm. 8:2; I Jo. 5:3.
Será que Cristo depende de nós para ser santificado? Por que então diz a Escritura:
Mas também, se padecerdes por amor da justiça, sois bem-aventurados. E não temais com medo deles, nem vos turbeis; antes santificai a Cristo, como Senhor, em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós. I Pe. 3:14 e 15.
Porque como santificação é separação, podemos santificar a Cristo se guardarmos os mandamentos de Deus, pois que eles são o Cristo, o Filho de Deus, que se fez carne e habitou entre os homens, e que também veio em sangue, e que com o seu sangue nos comprou para si.
Alguns, pela sua imaturidade, estão perto mas ainda não estão nele, que é a cabeça. Estão em igrejas, mas não estão em Cristo. Porque se Cristo está em vós, o corpo está morto para o pecado, mas o Espírito vive por causa da justiça. Mas se não conhecem a justiça de Deus, e tentam estabelecer a sua própria justiça, continuam estranhos aos concertos da promessa.
Diz o Espírito por Isaías: Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniqüidades deles levará sobre si. Is. 53:11.
Portanto, a palavra de Cristo habite em vós abundantemente. Cl. 3:16. Porque quem crê que Jesus é o Cristo, é nascido de Deus. I Jo. 5:1. E nós pregamos a Cristo crucificado, que corresponde aos mandamentos de Deus, a palavra da cruz, poder de Deus e sabedoria de Deus. Para Deus somos o bom cheiro de Cristo. II Co. 2:15.
Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando todo cativo ao entendimento, à obediência de Cristo. II Co. 10:5. Até que cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo. Ef. 4:13. Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus; mas os que praticam a lei hão de ser justificados. Rm. 2:13.
Oli Prestes
Missionário
oliprest
Enviado por oliprest em 09/07/2007
Alterado em 15/12/2021