Cada macaco no seu galho
CADA MACACO NO SEU GALHO
“Quebrar galho, aqui no Brasil, é uma expressão que significa fazer um favor, ajudar; e também favorecer a alguém “dando uma mãozinha”, facilitando algo que nos poderia ser difícil conseguir sem a cooperação de outrem que esteja em condições de fazê-lo. Mas ela bem poderia ser em outro sentido, já que com “o galho quebrado” ficaríamos sem onde se firmar. Então, se alguém quebrar o galho no qual eu me apoiava ou no qual o macaco fazia o seu leito ou posto de observação, isso pode ser mal.
O Brasil passa por momentos difíceis nos três aspectos que são os pilares de uma nação democrática. Político, econômico e jurídico. No político, devido a possibilidade de impeachment da presidente que havia sido reeleita para o mandato de presidente. No econômico, devido a inflação estar alta e crescendo, o déficit orçamentário em um patamar elevado, a dívida pública altíssima, o desemprego alto e também crescendo, além de outras coisas que envolvem a política econômica. No jurídico, devido a intervenção deste no legislativo para afastar o presidente do Congresso Nacional, devido a denúncia de improbidade administrativa e corrupção que pesa contra ele. Além das suspeitas de que existem ministros no Supremo Tribunal Federal que foram nomeados para os cargos que ocupam, para cumprir a função de “pau mandado”e favorecer os interesses do governo e do partido a que pertence a presidente afastada.
A Câmara de Deputados, que acolheu o pedido de afastamento da presidente e votou pelo encaminhamento do processo para o Senado da República, teve também o seu presidente afastado do cargo para o qual fora eleito para o mandato que ocupava naquela casa. Ambos o foram por causa de denúncias de comportamentos contrários aos princípios constitucionais. A presidente teve o seu pedido de afastamento feito por dois juristas e uma advogada e professora universitária de direito, diferentemente do que aconteceu com o primeiro pedido de impedimento ocorrido no Brasil, e que afastou da presidência do país o atual senador da república Fernando Collor de Melo. Na ocasião do afastamento deste, além de o motivo ter sido banal, comparando com os que agora foram causa do pedido da presidente afastada, foi saída da presidente, e, de outro, aqueles que defendem a sua manutenção no poder.
Outrossim, alguns deputados que apoiavam o governo da presidente afastada votaram pelo seu afastamento por razões suspeitas. E quando falamos em razões suspeitas não queremos dizer que podem ter sido subornados para isso, mas que podem estar de olho no futuro e tentando se manter na crista da onda, enquanto o barco em que estavam naufraga no vendaval. Pois, com a possibilidade de confirmação do impedimento da presidente, não gostariam de ter os seus nomes vinculados a alguém que não mais servia aos interesses público nem que a defenderam. Talvez por esse motivo é que manifestaram os seus votos fazendo menção à mãe, a filhos, a netos e a outras causas. Porque estes estão em primeiro lugar e não o povo que os elegeu, e dando a entender que não estão a serviço deste.
Se cada um dos poderes cumprissem o seu papel fielmente como manda as leis e normas elaboradas para esse fim, não haveria necessidade da intervenção do judiciário no legislativo, muito menos do executivo no judiciário, e nem de alguém alheio ao meio como o que acaba de ocorrer com pessoas de fora dos poderes pedirem a cassação da presidente.
O problema é que os homens fazem leis para controlar a outros, legislando em causa própria. Quando a lei que eles mesmos criaram não lhes favorece tentam muda-las ou contorna-las, como fez a presidente afastada e o presidente afastado da Câmara dos Deputados Federais. Esses não amam a pátria que louvam quando entoam o hino nacional, e pela qual juram morrer, nem amam o povo que os elegeu para a função, já que não cumprem o que prometeram quando das suas investiduras nos cargos que ocupam e dos quais não são dignos.
O que hoje chamam de “acordos políticos” mais parece conchavos.
Talvez a razão para o que fazem é semelhante ao que ocorre com os policiais militares, dos quais se diz que não são bons porque são mau remunerados. Será?
Se as suspeitas e denúncias fossem suficientes para suspender da função de parlamentar que ocupam nesses poderes, o congresso estaria fechado ou teria que haver novas eleições para compô-lo, já que o substituto do presidente da câmara, por esse motivo, estaria também impedido de ocupá-lo, assim como o presidente do Senado.
Que cada um fique no seu galho e que ninguém quebre o galho do outro. Mas que fique nele se merecer, caso contrário, que tenha o seu galho quebrado para que não se sustente ou apoie nele.
Oli Prestes
Missionário
oliprest
Enviado por oliprest em 21/05/2016
Alterado em 14/02/2017