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FILHOS DAS TREVAS
Um filho gerado segundo a carne, normalmente o é também nas trevas, que é onde os filhos dos homens fazem as suas obras, já que sentem vergonha do que fazem. Diz a Escritura que quem é da luz vem para a luz. E que quem anda de dia não tropeça, pois vê a luz do dia. Andemos pois de dia para que não tropecemos, pois quem anda de noite tropeça, conforme disse Jesus.

Muito do que Deus manifesta através das Sagradas Escrituras é de difícil compreensão e interpretação para o homem natural, pois que as coisas espirituais só discerne o homem espiritual, mas o carnal não as entende.

Existe um conceito entre as pessoas não instruídas de que todos são filhos de Deus. Mas isso não está de acordo com as Sagradas Escrituras, que são proveitosas para ensinar, corrigir, redargüir, instruir na justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda a boa obra.

O próprio Jesus, quando aqui viveu em carne, disse para umas pessoas que se diziam filhos de Deus, que eles tinham por pai ao Diabo. E disse a razão por que. Eles faziam as obras do pai deles, o qual é mentiroso e pai da mentira. Que o pai deles não se tinha firmado na verdade, porque verdade não há nele. E que quando ele fala, manifesta o que lhe é próprio. Também que ele é homicida. Que Jesus fazia o que tinha visto junto de seu Pai, e que aqueles homens faziam o que viram no pai deles. Jo. 8:44.

Assim, eles eram inspirados pelo pai deles, a quem eles davam ouvidos. E Jesus lhes perguntou: “Quem me convence do pecado? Se vos falo a verdade, por que não me credes?” Jo. 8:46. Manifestando, assim, que o pecado é o que é contrário à verdade.

Observemos que nada obstante Jesus ser a verdade, ele perguntou da razão pela qual eles não criam “na verdade” da qual ele lhes falava.
Tem sido muito difícil para os homens naturais entenderem isso, quando manifestamos. E muitos são os que dizem: Estou falando “a verdade”, quando querem manifestar que o que dizem é verdadeiro, ou sincero. Existe até programas de radiodifusão nomeado de “A hora da verdade”, e “A equipe da verdade”, para se promoverem como verdadeiros, honestos e íntegros. Mas garantimos que isso é mal empregado, já que os igualaria ao Filho de Deus, e, portanto, ao próprio Deus, que é representado pelo filho, ou a filial de Deus.

Ora, filho é gerado. E, se gerado, logo alguém o gerou. Então vamos ver quem gerou quem, para sabermos quem é o pai do gerado.

“Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre.” I Pe. 1:23.

E antes o apóstolo escreveu: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos.” I Pe. 1:3.

Vamos considerar:

Sendo de novo gerado. Nesse caso os nascidos segundo a carne são homens naturais, pois diz outra escritura:

“Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer? Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te maravilhes de te ter dito: necessário vos é nascer de novo.” Jo. 3:3-6.

Mas como nascer da água? Pelo batismo de imersão? Nesse caso o ladrão arrependido não poderia ser salvo, pois que ele não teve tempo para ser batizado nessa forma de batismo. E, assim, a palavra de Jesus cairia por terra. E a Escritura diz que na sua boca nunca houve engano.
Entretanto, o Espírito Santo, prenunciado por Jesus para nos guiar à toda verdade e nos fazer saber todas as coisas, completou aquilo que havia de mister para que pudéssemos alcançar entendimento, e inspirou o apóstolo Paulo, que escreveu: “Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, urificando-a com a lavagem da água, pela palavra, para apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível.” Ef. 5:25-27.

Mas quando a escritura fala “pela palavra”, muitos imaginam estar ela referindo-se à Bíblia como um todo, o que não está de acordo com as Sagradas Escrituras. E as razões vamos mostrar, veja:

“Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus.” Mt. 22:29.

“Quem crer em mim como diz a Escritura, rios de água viva fruirão do seu interior a qual jorrarão para a vida eterna.” Jo. 7:38.

“Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam.” Jo. 5:39.

“Todos os dias estava convosco ensinando no templo, e não me prendestes; mas isto é para que as Escrituras se cumpram.” Mc. 14:49.

“E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras.” Lc. 24:27.

“E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos. Então abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras.” Lc. 24:44 e 45.

Também os escritores das escrituras mais recentes, assim referiam-se:

“E passando por Anfípolis e Apolônia, chegaram a Tessalônica, onde havia uma sinagoga de judeus. E Paulo, como tinha por costume, foi ter com eles; e por três sábados disputou com eles sobre as Escrituras, expondo e demonstrando que convinha que Cristo padecesse e ressuscitasse dentre os mortos. E este Jesus, que vos anuncio, dizia ele, é o Cristo.” At. 17:1-3.

“Também notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado; o qual também recebestes, e no qual também permaneceis. Pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que crestes em vão. Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras.” I Co. 15:1-4.

Assim, vemos que quando eles referiam-se às revelações contidas no livro, eles chamavam-no de escrituras. Então, que é a palavra de Deus?
Jesus perguntou certa ocasião aos judeus:

“Se vos falo a verdade por que não me credes?”

Bem, se Jesus falasse algo contrário às escrituras, certamente que a sua doutrina não estava de acordo com as revelações ali contidas, e, nesse caso, não poderia ser aceita. Mas tudo o que Jesus falava estava de acordo com o que já havia sido revelado, e que havia sido falado pelos profetas. E assim diziam elas:

“A tua lei é a verdade. Sl. 119:142, ú.parte. E: a tua palavra é a verdade desde o princípio.” Sl. 119:160, p.parte.

Mas precisaremos provar que Jesus manifestava a Lei de Deus, e que as palavras que Jesus falava confirmavam a verdade de Deus.
Disse Ele:

“Pois Moisés disse: “Honra o teu pai e a tua mãe, e aquele que desonrar o pai ou a mãe, é dígno de morte. Mas vós dizeis: Se um filho disser: o que podeis aproveitar de mim é corbã, ou seja, oferta ao Senhor, nesse caso não é preciso honrar nem o pai nem a mãe, invalidando, assim, a palavra de Deus pela vossa tradição.” Mc. 7:9-13.

Como vimos nessa ocorrência, ele manifestou que aquilo que foi escrito por Moisés relativo ao mandamento de honrar o pai e a mãe, é mandamento de Deus, pois disse Ele ser a palavra de Deus. E isso está bem de acordo com as escrituras antigas, pois na ocasião em que a lei de Deus foi ratificada para a então  criada nação israelita, foi o próprio Deus quem disse das nuvens: “Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito. Não terás, portanto, outros deuses diante de mim.” Ex. 20:1 e 2.

Vamos citar algumas ocorrências que mostram que Jesus sempre manifestava a Lei de Deus como condição para a vida eterna, veja:

“E, pondo-se a caminho, correu para ele um homem, o qual se ajoelhou diante dele, e lhe perguntou: Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna? E Jesus lhe disse: Por que me chamas bom? Ninguém há bom senão um, que é Deus. Tu sabes os mandamentos: Não adulterarás; não matarás; não furtarás; não dirás falso testemunho; não defraudarás alguém; honra a teu pai e a tua mãe. Ele, porém, respondendo, lhe disse: Mestre, tudo isso guardei desde a minha mocidade. E Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse: Falta-te uma coisa: vai, vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, toma a cruz, e segue-me.” Mc. 10:17-21.

“Noutra ocasião, um deles, doutor da lei, interrogou-o para o experimentar, dizendo: Mestre, qual é o grande mandamento na lei? E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.” Mt. 22:35-40.

Marcos registrou assim a ocorrência:

“Aproximou-se dele um dos escribas que os tinha ouvido disputar, e sabendo que lhes tinha respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o primeiro de todos os mandamentos? E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes. E o escriba lhe disse: Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que há um só Deus, e que não há outro além dele; e que amá-lo de todo o coração, e de todo o entendimento, e de toda a alma, e de todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, é mais do que todos os holocaustos e sacrifícios.” Mc. 12:28-33.

E Lucas assim registrou o fato relativo ao doutor da lei:
“E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o, e dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna? E ele lhe disse: Que está escrito na lei? Como lês? E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo. E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso, e viverás.” Lc. 10:25-28.

É interessante notar que aqueles homens conheciam as escrituras e faziam boa citação delas, afinal eles eram tidos como doutores na lei.
Mas, nada obstante um deles ter dito que guardava os mandamentos relativos ao próximo, e citados por Jesus, entretanto, ainda lhe faltava uma coisa, qual seja:

Renunciar tudo o que tinha e seguir a Jesus. E diz a seguir que ele era rico e tinha muitas propriedades. Isso nos faz ver que as riquezas materiais impedem o homem de ser perfeito.

Mas os homens religiosos da atualidade, à semelhança dos fariseus da época de Jesus, torcem as Escrituras, e dizem que Jesus resumiu os seus mandamentos ou a sua lei, em dois, a saber: amar a Deus  e ao próximo, dizendo ser o amor a eles um sentimento interior, nada obstante o Espírito Santo falar por João: “Porque o amor de Deus é este: Que guardemos os seus mandamentos”. E acrescenta ainda que eles não são pesados. I Jo. 5:3.

Assim, disse Jesus:

“Andai na luz enquanto tendes luz!” Que luz tinham eles?
Diz a Escritura: “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para o meu caminho”. Sl. 119:105. Que palavra? As escrituras como um todo?

“Porque a lei é luz, e o mandamento é lâmpada.” Pv. 6:23, p.parte.
Assim os judeus tinham a luz e a lâmpada, mas estavam tropeçando. Por quê?

Com certeza devido não estarem andando na luz, ou seja, observando com integridade a Lei de Deus. Porque quem guarda os mandamentos de Deus não tropeça, veja:

“Muita paz têm os que amam a tua lei, e para eles não há tropeço.” Sl. 119:165.

Os homens carnais, ou naturais, dizem que os judeus do tempo de Jesus guardavam a lei de Deus, o que não é de acordo com o que está registrado nas escrituras, veja:

“Não vos deu Moisés a lei? e nenhum de vós observa a lei.” p.parte. Jo. 7:19.

Ainda outras ocorrências e citações confirmam que os judeus não observavam a verdade de Deus, os seus mandamentos, veja:
“Quem dentre vós me convence de pecado? E se vos digo a verdade, por que não credes? Quem é de Deus escuta as palavras de Deus; por isso vós não as escutais, porque não sois de Deus.” Jo. 8:46 e 47.
Observe que Jesus dizia a verdade, ou seja, uma coisa específica, e não coisas verdadeiras de forma genérica. E adiante Ele disse que quem é de Deus escuta as palavras de Deus. Nesse caso como ele falava a verdade, então ela é a Palavra de Deus. E isso está de acordo com outra escritura que diz:

“Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.” Jo. 17:17.
“A tua palavra é a verdade desde o princípio, e cada um dos teus juízos dura para sempre.” Sl. 119:160.

“Eu sou o que testifico de mim mesmo, e de mim testifica também o Pai que me enviou. Disseram-lhe, pois: Onde está teu Pai? Jesus respondeu: Não me conheceis a mim, nem a meu Pai; se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai. Estas palavras disse Jesus no lugar do tesouro, ensinando no templo, e ninguém o prendeu, porque ainda não era chegada a sua hora.” Jo. 8:18-20.

“Clamava, pois, Jesus no templo, ensinando, e dizendo: Vós conheceis-me, e sabeis de onde sou; e eu não vim de mim mesmo, mas aquele que me enviou é verdadeiro,  qual vós não conheceis.” Jo. 7:28.

E como é que nós conhecemos a Ele? Veja:

“E nisto sabemos que o conhecemos: se guardarmos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade.” I Jo. 2:3 e 4.
Outrossim, quando ele disse quem me convence do pecado, ele disse que lhes falava a verdade. Assim o pecado é o que é oposto a verdade.
Bem, Jesus disse ser o caminho, a verdade e a vida; a luz do mundo; a vida eterna. E o apóstolo Paulo disse que Jesus fora feito justiça por Deus. Que significam essas coisas? Acaso não havia o caminho antes de Jesus vir a este mundo, ou não havia luz, ou a justiça de Deus?

Vamos conferir com as escrituras.

“Agora, ó sacerdotes, este mandamento é para vós. Se não ouvirdes e se não propuserdes, no vosso coração, dar honra ao meu nome, diz o Senhor dos Exércitos, enviarei a maldição contra vós, e amaldiçoarei as vossas bênçãos; e também já as tenho amaldiçoado, porque não aplicais a isso o coração. Eis que reprovarei a vossa semente, e espalharei esterco sobre os vossos rostos, o esterco das vossas festas solenes; e para junto deste sereis levados. Então sabereis que eu vos enviei este mandamento, para que a minha aliança fosse com Levi, diz o Senhor dos Exércitos. Minha aliança com ele foi de vida e de paz, e eu lhas dei para que temesse; então temeu-me, e assombrou-se por causa do meu nome. A lei da verdade esteve na sua boca, e a iniqüidade não se achou nos seus lábios; andou comigo na paz e na retidão, e da iniqüidade converteu a muitos. Porque os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, e da sua boca devem os homens buscar a lei porque ele é um mensageiro do Senhor dos Exércitos. Mas vós vos desviastes do caminho; a muitos fizestes tropeçar na lei; corrompestes a aliança de Levi, diz o Senhor dos Exércitos. Por isso também eu vos fiz desprezíveis, e indignos diante de todo o povo, visto que não guardastes os meus caminhos, mas fizestes acepção de pessoas na lei.” Ml. 2:1-9.

Vemos que os sacerdotes fizeram acepção de pessoas na lei, a muitos fizeram tropeçar nela, não guardando os caminhos do Senhor e se desviando desse caminho.

Tudo o que foi sublinhado nessa citação atrás corresponde à mesma coisa, mas que já temos manifesto noutros títulos inseridos no trabalho “A Lei Perfeita”.

Então a Lei da Verdade que esteve na boca dos levitas, e que deve estar na boca dos pastores, que são anjos do Senhor, é a Lei de Deus, que são os Dez Mandamentos, pois disse Jesus:

“Porque eu não tenho falado de mim mesmo; mas o Pai, que me enviou, ele me deu mandamento sobre o que hei de dizer e sobre o que hei de falar. E sei que o seu mandamento é a vida eterna. Portanto, o que eu falo, falo-o como o Pai mo tem dito.” Jo. 12:49 e 50.

Mas se Jesus fora feito justiça por Deus, que justiça é essa?

“A minha língua falará da tua palavra, pois todos os teus mandamentos são a justiça. Sl. 119:172. E a tua justiça é uma justiça eterna.” V. 142, p.parte.

Mas veja o que o apóstolo Paulo diz relativo ao Israel carnal:

“Irmãos, o bom desejo do meu coração e a oração a Deus por Israel é para sua salvação. Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus, mas não com entendimento. Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus, e procurando estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça de Deus. Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê. Ora Moisés descreve a justiça que é pela lei, dizendo: O homem que fizer estas coisas viverá por elas. Mas a justiça que é pela fé diz assim: Não digas em teu coração: Quem subirá ao céu? (isto é, a trazer do alto a Cristo.) Ou: Quem descerá ao abismo? (isto é, a tornar a trazer dentre os mortos a Cristo.) Mas que diz? A palavra está junto de ti, na tua boca e no teu coração; esta é a palavra da fé, que pregamos, a saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Visto que com o coração se crê na justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação. Porque a Escritura diz: Todo aquele que nele crer não será confundido. Porquanto não há diferença entre judeu e grego; porque um mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam. Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam o evangelho da paz; dos que trazem alegres novas de boas coisas. Mas nem todos têm obedecido ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem creu na nossa pregação? De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus. Mas digo: Porventura não ouviram? Sim, por certo, pois por toda a terra saiu a voz deles, e as suas palavras até aos confins do mundo. Mas digo: Porventura Israel não o soube? Primeiramente diz Moisés: Eu vos porei em ciúmes com aqueles que não são povo, com gente insensata vos provocarei à ira. E Isaías ousadamente diz: Fui achado pelos que não me buscavam, fui manifestado aos que por mim não perguntavam. Mas para Israel diz: Todo o dia estendi as minhas mãos a um povo rebelde e contradizente.” Rm. 10:1-21.

Ora, se quem é de Deus ouve a palavra de Deus, logo aqueles que não dão ouvidos a ela, não são dele. Por conseguinte se quem pratica a justiça de Deus é justo, logo os que não a praticam são injustos. E dessa forma podemos distinguir entre os filhos de Deus e os filhos do Diabo, veja:

“Nisto são manifestos os filhos de Deus, e os filhos do diabo. Qualquer que não pratica a justiça, e não ama a seu irmão, não é de Deus.” I Jo. 3:10.

“Se sabeis que ele é justo, sabeis que todo aquele que pratica a justiça é nascido dele.” I Jo. 2:29.

“Filhinhos, ninguém vos engane. Quem pratica justiça é justo, assim como ele é justo.” I Jo. 3:7.

Por isso disse Jesus:

“Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira.” Jo. 8:44.

E para provarmos que a mentira é o oposto da justiça de Deus, os seus mandamentos, vamos transcrever uma escritura do apóstolo Paulo, onde diz:

“Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça. Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém.” Rm. 1:18 e 25.
E diz o Espírito pelo apóstolo João:

“Não vos escrevi porque não soubésseis a verdade, mas porque a sabeis, e porque nenhuma mentira vem da verdade. Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? É o anticristo esse mesmo que nega o Pai e o Filho. Qualquer que nega o Filho, também não tem o Pai; mas aquele que confessa o Filho, tem também o Pai. Portanto, o que desde o princípio ouvistes permaneça em vós. Se em vós permanecer o que desde o princípio ouvistes, também permanecereis no Filho e no Pai.” I Jo. 2:22-24.

E o que tem sido anunciado desde o princípio? Veja:

“Irmãos, não vos escrevo mandamento novo, mas o mandamento antigo, que desde o princípio tivestes. Este mandamento antigo é a palavra que desde o princípio ouvistes. Aquele que diz que está nele, também deve andar como ele andou.” I Jo. 2:5-7.

“Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus.” Rm. 8:14.

“Isto é, não são os filhos da carne que são filhos de Deus, mas os filhos da promessa são contados como descendência.” Rm. 9:8.

“Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus. Porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo. Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa.” GL 3:26-29.

Essa citação da epístola de Paulo aos Gálatas tem servido de tropeço para muitos indoutos, os quais dizem ser a fé o simples crer em Jesus como intercessor pelos homens, ou intermediador entre estes e Deus. Mas tanto a fé em Cristo não tem essa interpretação, como quem foi batizado em Cristo não o foi tão somente batizado em batismo de imersão, já que este não pode lavar pecados, mas no batismo do arrependimento de obras mortas e dos delitos cometidos antes do pleno conhecimento da verdade.

“Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas uma certa expectação horrível de juízo, e ardor de fogo, que há de devorar os adversários.” Hb. 10:26 e 27.

“Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; e andai no amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave. Mas a prostituição, e toda a impureza ou avareza, nem ainda se nomeie entre vós, como convém a santos; nem torpezas, nem parvoíces, nem chocarrices, que não convêm; mas antes, ações de graças. Porque bem sabeis isto: que nenhum devasso, ou impuro, ou avarento, o qual é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus. Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por estas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência. Portanto, não sejais seus companheiros. Porque noutro tempo éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor; andai como filhos da luz  (Porque o fruto do Espírito está em toda a bondade, e justiça e verdade); aprovando o que é agradável ao Senhor. E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-as. Porque o que eles fazem em oculto até dizê-lo é torpe. Mas todas estas coisas se manifestam, sendo condenadas pela luz, porque a luz tudo manifesta. Por isso diz: Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá. Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, remindo o tempo; porquanto os dias são maus. Por isso não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor. E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito; falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração; dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo; sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus.” Ef. 5:1-21.
“Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a terra: a prostituição, a impureza, a afeição desordenada, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria; pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência; nas quais, também, em outro tempo andastes, quando vivíeis nelas. Mas agora, despojai-vos também de tudo: da ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das palavras torpes da vossa boca. Não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do velho homem com os seus feitos, e vos vestistes do novo, que se renova pelo conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou; onde não há grego, nem judeu, circuncisão, nem incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou livre; mas Cristo é tudo em todos. Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade; suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também. E, sobre tudo isto, revesti-vos do amor, que é o vínculo da perfeição. E a paz de Deus, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine em vossos corações; e sede agradecidos. A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao Senhor com graça em vosso coração.” Cl. 3:5-16.

“E, quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei tudo em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.” Cl. 3:17.

“Porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite nem das trevas. Não durmamos, pois, como os demais, mas vigiemos, e sejamos sóbrios; porque os que dormem, dormem de noite, e os que se embebedam, embebedam-se de noite. Mas nós, que somos do dia, sejamos sóbrios, vestindo-nos da couraça da fé e do amor, e tendo por capacete a esperança da salvação; porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo, que morreu por nós, para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos juntamente com ele. Por isso exortai-vos uns aos outros, e edificai-vos uns aos outros, como também o fazeis.” I Ts. 5:5-11.

“E já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, e não desmaies quando por ele fores repreendido; porque o Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, e não filhos.” Hb. 12:5-8.

Mas os falsos mestres estão enganando os símplices com palavras fingidas e cobiças da carne, veja:

“E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade. E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita. Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas, havendo-os lançados nas trevas, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo; e não perdoou ao mundo antigo, mas guardou a Noé, pregoeiro da justiça, com mais sete pessoas, ao trazer o dilúvio sobre o mundo dos ímpios; e condenou à destruição as cidades de Sodoma e Gomorra, reduzindo-as a cinza, e pondo-as para exemplo aos que vivessem impiamente; e livrou o justo Ló, enfadado da vida dissoluta dos homens abomináveis  (porque este justo, habitando entre eles, afligia todos os dias a sua alma justa, vendo e ouvindo sobre as suas obras injustas); assim, sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar os injustos para o dia do juízo, para serem castigados; mas principalmente aqueles que segundo a carne andam em concupiscências de imundícia, e desprezam as autoridades; atrevidos, obstinados, não receando blasfemar das dignidades; enquanto os anjos, sendo maiores em força e poder, não pronunciam contra eles juízo blasfemo diante do Senhor. Mas estes, como animais irracionais, que seguem a natureza, feitos para serem presos e mortos, blasfemando do que não entendem, perecerão na sua corrupção, recebendo o galardão da injustiça; pois que tais homens têm prazer nos deleites quotidianos; nódoas são eles e máculas, deleitando-se em seus enganos, quando se banqueteiam convosco; tendo os olhos cheios de adultério, e não cessando de pecar, engodando as almas inconstantes, tendo o coração exercitado na avareza, filhos de maldição; os quais, deixando o caminho direito, erraram seguindo o caminho de Balaão, filho de Beor, que amou o prêmio da injustiça.” II Pe. 2:1-15.

E para estes diz ainda o Espírito pelo apóstolo que escreveu essa epístola:

“Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro. Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado.” II Pe. 2:20 e 21.

“Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai, que fôssemos chamados filhos de Deus. Por isso o mundo não nos conhece; porque não o conhece a ele. Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos. E qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também ele é puro. Qualquer que comete pecado, também comete iniqüidade; porque o pecado é iniqüidade. E bem sabeis que ele se manifestou para tirar os nossos pecados; e nele não há pecado. Qualquer que permanece nele não peca; qualquer que peca não o viu nem o conheceu.” I Jo. 3:1-6.

“Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, é nascido de Deus; e todo aquele que ama ao que o gerou também ama ao que dele é nascido. Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus, quando amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos.” I Jo. 5:1 e  2.

“O presbítero à senhora eleita, e a seus filhos, aos quais amo na verdade, e não somente eu, mas também todos os que têm conhecido a verdade, por amor da verdade que está em nós, e para sempre estará conosco: Graça, misericórdia e paz, da parte de Deus Pai e da do Senhor Jesus Cristo, o Filho do Pai, seja convosco na verdade e amor. Muito me alegro por achar que alguns de teus filhos andam na verdade, assim como temos recebido o mandamento do Pai.” II Jo. 1:1-4.

“Não tenho maior gozo do que este, o de ouvir que os meus filhos andam na verdade.” III Jo. 1:4.

Assim, vimos que os filhos da luz andam na verdade, enquanto que os filhos das trevas resistem à verdade, conforme diz o apóstolo na passagem a seguir:

“Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te. Porque deste número são os que se introduzem pelas casas, e levam cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências; que aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade. E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé. Não irão, porém, avante; porque a todos será manifesto o seu desvario, como também o foi o daqueles.” II Tm. 3:1-9.

Destes diz o Senhor pelo profeta Isaías:

“Vai, pois, agora, escreve isto numa tábua perante eles e registra-o num livro; para que fique até ao último dia, para sempre e perpetuamente. Porque este é um povo rebelde, filhos mentirosos, filhos que não querem ouvir a lei do Senhor.” Is. 30:8 e 9.

E para eles diz o Senhor:

“Convertei-vos, ó filhos rebeldes, diz o Senhor; pois eu vos desposei; e vos tomarei, a um de uma cidade, e a dois de uma família; e vos levarei a Sião. Voltai, ó filhos rebeldes, eu curarei as vossas rebeliões. Eis-nos aqui, vimos a ti; porque tu és o Senhor nosso Deus.” Jr. 14 e 22.
oliprest
Enviado por oliprest em 29/07/2007
Alterado em 15/09/2012


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