UM HOMEM COM MUITOS ADJETIVOS
Um certo homem acompanhado de seu filho foi ao seu médico. Quando chegou a sua vez de ser atendido, o seu médico o chamou de “paciente”. Depois o filho quis saber porque o seu pai foi chamado de paciente pelo médico. Seu pai teve que ser paciente para explicar ao seu filho a razão disso.
Saindo de lá, o referido sujeito foi ao serviço de seguridade social, e, lá, foi tratado como “segurado”. Mais perguntas e mais respostas tanto do filho como do pai.
O tal sujeito foi a casa de outro e lá foi chamado de “comerciante” da batida. Inquirições seguidas de explicações.
Foram ao advogado do pai do menino, o qual se reportou a ele como “reclamante”.
E foi ao serviço de trânsito onde ouviu falar que o seu pai era o “pedestre” e “transeunte” envolvido num acidente de trânsito.
Passando pela venda, antes de retornar a sua casa, foi chamado pelo quitandeiro de “freguês”.
Ia chegando a sua casa quando alguém disse: “Vizinho”, tem aviso pro senhor! Ao abrir o aviso, lá estava: Sr. “mutuário”. Entrou em sua casa e sua mulher lhe disse: “marido” a mesa está posta.
Almoçou e foi assistir ao jornal televisionado. Seu filho ouviu o repórter dizer: Sr. “telespectador”’.
Mas tarde alguém o procurou e o convidou para ser “juiz” numa partida de um jogo.
Depois outro lhe disse: “professor”, essas aulas de reforço tem dado resultado?
O garoto ficou ainda mais confuso quando ouviu dizer que seu pai seria o “árbitro” da partida.
Foi a quadra de bicicleta com seu pai, e, lá chegando, leu o aviso “Sr. ciclista”, entre por ali.
De volta à sua casa alguém lhe falou: “oh! senhor síndico”. E essas coisas estavam já deixando o garoto abobalhado.
E não ficou por aí. Outra correspondência o chamava de “membro” e “conselheiro”. E agora?
O garoto resolveu inquirir a seu pai? Pai, você é o que mesmo? Pois cada pessoa lhe chama de um jeito? É paciente, segurado, cliente, comerciante, reclamante, pedestre, transeunte, freguês, vizinho, mutuário, telespectador, juiz, professor, árbitro, ciclista, síndico, membro, conselheiro.
É verdade, filho. E não é só isso. Eu também sou filho, tio, irmão, avô, pai, etc.
O garoto perguntou: O senhor estudou muito para ser tudo isso? Ele respondeu: Para ser algumas dessas coisas, sim; outras foi exatamente por não ter estudado. Umas eu sou por opção; outras eu fui forçado e até segurado.
E o garoto perguntou: como o senhor se tornou cínico? O pai ficou um tanto apreensivo, e perguntou ao filho: “Filho, você me acha cínico”? Ao que o garoto perguntou: Não é o que você é? Ele não havia entendido que o pai havia sido chamado de síndico.
Disse o pai: Bem, filho, pra que eu tenha sido tudo o que você ouviu, precisa ser um pouco cínico também. Você não acha?
Mas isso tudo não era nada, já que isso tudo era apenas palavras que designavam um estado, situação, condição transitória, sendo, assim, substantivos e adjetivos.
Entretanto, existiu um homem que nada obstante ter sido considerado comum e com adjetivos substantivados, devido as designações genéricas com os quais ele foi e ainda é designado ou nomeado, tem muitos adjetivos qualificativos que nem um outro possui, ainda que atribuam a outro, impropriamente, esses adjetivos.
Por exemplo: Conheci alguém que tinha como sobrenome “salvador”. Um adjetivo impropriamente empregado a um mortal, já que salvador não existe outro além de Deus. Aliás esse adjetivo também tem sido empregado impropriamente num louvor a um mortal do qual dizem ser santo e do qual dizem ser “grande salvador”.
À semelhança do meu conhecido, e considerando a designação genérica e comum, eu ainda não creio que esse de quem dizem e louvam como salvador, o possa ser. Pois não há salvador além de Deus: Jesus.
Mas o cinismo de alguns nomeou esse mortal, já morto, com o adjetivo de salvador.
Oli Prestes
Missionário
(093)99190-6406
oliprest
Enviado por oliprest em 11/09/2007
Alterado em 04/04/2017